A reforma tributária proposta por Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, está seguindo os rumos de todas as outras pastas do governo, onde as políticas adotadas beneficiam os grandes empresários enquanto os trabalhadores devem pagar pela crise.
Para começar, o governo pretende tirar R$ 32 bilhões por ano dos trabalhadores que trabalham com carteira assinada no país com a redução da contribuição patronal do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) de 8% para 6%, o que para o governo seria uma forma de gerar empregos. Além disso, o projeto pretende acabar com as deduções com despesas médicas e educação do Imposto de Renda, e tributar ainda mais lucros e dividendos, o que afetaria diretamente os profissionais liberais. A criação de uma nova CPMF, que seria aplicada às movimentações bancárias digitais, é proposta para que saia do papel a todo custo, o que encareceria tudo para todos os trabalhadores.
Até o momento a reforma só aborda pontos que beneficiam os grandes empresários enquanto os trabalhadores devem sofrer com mais impostos, tanto os que recebem um pouco mais que a média quanto àqueles que recebem apenas um salário mínimo. O governo alega que as medidas são para a criação de mais empregos, mas podemos observar que isso não passa de demagogia para continuar garantindo os lucros burgueses diante da crise, pois não há nenhuma garantia de que o mercado deva crescer ou gerar empregos já que estamos mergulhados em uma crise ainda sem precedentes e com os trabalhadores perdendo mais e mais renda a cada dia. Além disso, com a reforma tributária, os trabalhadores terão menos dinheiro como uma garantia de sobrevivência caso sejam demitidos com a redução do FGTS, enquanto os grandes empresários, os maiores financiadores do seu golpe e da sua campanha, terão menos tributos para serem pagos e continuarão explorando os trabalhadores.
Por falar em crise, a mesma tem sido a justificativa para prejudicar os trabalhadores em todas as esferas nos últimos meses, onde direitos estão sendo cortados, outros substituídos, como o caso do Renda Brasil, que acaba com diversos direitos de áreas completamente diferentes que dizem respeito aos trabalhadores e os concentrando em apenas um, além das propostas que afetam diretamente os direitos trabalhistas como o projeto Carteira Verde e Amarela e a própria Reforma Tributária. A lógica neoliberal é simples e desonesta, em meio à crise, o governo aumenta tributos aos trabalhadores e isenta os grandes empresários, isenção que custará dinheiro dos cofres públicos, ou seja, o dinheiro do próprio trabalhador sendo utilizado para pagar aquilo que deveria ser seu direito e pago pelo empregador. O discurso de que todos devem ceder diante de uma crise tão profunda não passa de balela pois somente os trabalhadores e aqueles que não são detentores dos meios de produção é que são obrigados a ceder os seus direitos para que a classe burguesa continue garantindo seus lucros e não precise ceder a nada. O Estado burguês continua cumprindo o seu trabalho de servir apenas ao interesse de uma só classe.