Após amplo debate, uma assembléia virtual de docentes filiados à Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Asduerj), ratificando a posição defendida pela direção deste sindicato, posicionou-se contrária à modalidade de Ensino Remoto Emergencial proposta pelo Ministério da Educação, com as principais razões apontadas pelos docentes sendo a exclusão digital de uma parcela considerável dos estudantes da UERJ e a situação de calamidade social causada pela pandemia, cujas consequências nos aspectos econômico, familiar e de saúde já afetam um grande número de alunos.
Os professores registram a denúncia de que o processo de discussão da posição da Universidade em relação à retomada de atividades acadêmicas através de regimes de ensino remoto tem ocorrido, nas instâncias organizativas superiores, de forma apressada e antidemocrática, sem debate amplo de todos os setores da comunidade acadêmica sobre a adoção ou não desta medida, sobre quais atividades poderiam ser realizadas remotamente ou mesmo sobre a forma de sua implementação. Esta denúncia se mostra verdadeira no processo deliberativo da adoção do Ensino Remoto Emergencial na pós-graduação strictu e lato sensu, pautada e aprovada em um dos conselhos universitários sem consulta à representação sindical dos docentes.
Estas e outras movimentações nas instituições educacionais de todos os níveis no Brasil demonstram as intenções da burguesia de retomada imediata das atividades, com ou sem pandemia – a atividade estudantil e científica, afinal, é responsável por uma parte considerável da movimentação da economia. Paralisadas como estão, estas atividades contribuem para a diminuição da margem de lucro de diversos setores empresariais e da indústria, motivando uma pressão no sentido da sua retomada, colocando as vidas de todos os diretamente envolvidos a perigo.
A Asduerj elaborou um conjunto de propostas de condições colocadas pelos docentes para a realização de trabalho remoto na Universidade, ainda a ser incrementado e consolidado. A reitoria da UERJ aceitou, a princípio, a posterior análise, discussão e aprovação do documento como resolução de seu Conselho Universitário, mas as esperanças dos diretamente envolvidos na possibilidade de retomada das atividades em plena pandemia em processo de aprofundamento, particularmente as dos estudantes, não devem ser depositadas neste posicionamento. Deve ser colocada em marcha uma mobilização de todos os setores nas escolas e universidades contra a adoção do EaD, uma substituição precária, rebaixada e improvisada da forma de ensino para a qual a quase totalidade dos professores foram exclusivamente capacitados para desempenhar e que ainda pode servir – e tem servido – como pretexto para maiores ataques aos salários e quadros de funcionários das instituições, e contra a retomada de qualquer atividade presencial sem uma vacina amplamente disponível e enquanto a pandemia de Covid-19 não for controlada.