A aliança de países do Sael, composta por Mali, Burquina Fasso e Níger, declarou que o lançamento de um batalhão conjunto “deve ser seguido por operações em larga escala nos próximos dias”. O presidente de Burquina Faso, o capitão Ibrahim Traoré, não deu detalhes em seus comentários após ser nomeado o novo chefe da Aliança dos Estados do Sael, cujos três membros (liderados por militares) se retiraram do bloco regional da África Ocidental este ano. A aliança foi formada em 2023.
Mali, Burquina Fasso e Níger são os países mais afetados em um momento em que a vasta região do Sael, ao sul do Saara, tornou-se foco de movimentos rebeldes, com grupos armados vinculados à Al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico. Os três países passaram por golpes de Estado nacionalistas nos últimos anos.
Os líderes dos países concordaram, em uma reunião, reforçar os laços de segurança e econômicos, dias após o lançamento, no último fim de semana, do batalhão militar conjunto com o propósito de combater os grupos armados. Espera-se que a força conte com 5.000 efetivos.
A aliança “pôs fim a todas as forças de ocupação em nossos países”, declarou o líder da junta do Níger, Abdourahamane Tchiani, aludindo às decisões dos estados-membros de expulsar agentes de países imperialistas, como França e Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, o Níger adotou um projeto de decreto que anuncia a “mobilização geral” e o “confisco” de bens dos grupos armados que atuam no país há anos.
“Poderão ser confiscados pessoas, bens e serviços durante a mobilização geral para contribuir com a defesa da pátria, de conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis”, decretou o governo ao término de uma reunião de gabinete.
Recentemente, o governo do Mali recuperou pelo menos 1,2 bilhão de dólares após realizar uma auditoria setorial e renegociar acordos mineradores. As autoridades anunciaram no início deste mês que asseguraram mais de 761 bilhões de francos CFA (cerca de US$1,2 bilhão) em receitas não pagas por empresas mineradoras, após uma auditoria exaustiva e a renegociação de contratos no setor extrativista.
O Mali está entre os 20 principais produtores de ouro do mundo e é o terceiro maior da África, com uma economia que depende fortemente da mineração. No entanto, diante da disparidade entre a quantidade de minerais exportados e a receita obtida, as autoridades concluíram que o país não estava recebendo os benefícios devidos por seus recursos naturais.
Sob a liderança do presidente de transição, coronel Assimi Goïta, o governo ordenou uma auditoria completa das empresas mineradoras operando no país. A revisão revelou que o Estado havia perdido entre 300 e 600 bilhões de francos CFA (entre 480 e 960 milhões de dólares) em receitas devido a contratos desfavoráveis, déficits fiscais e supervisão deficiente. Isso impulsionou o governo a renegociar os acordos e introduzir reformas legais radicais.
A medida faz parte de uma estratégia mais ampla do governo para consolidar uma maior soberania sobre os recursos estratégicos e garantir que a mineração contribua de forma mais direta para o desenvolvimento nacional.



