O governo militar do Níger anunciou uma mobilização geral e autorizou a requisição de pessoas e bens como parte de uma escalada das medidas de segurança contra grupos armados que atuam em diversas regiões do país, segundo comunicado oficial divulgado no sábado (27), após uma reunião ministerial realizada na sexta-feira (26).
De acordo com a nota, “pessoas, propriedades e serviços podem ser requisitados durante a mobilização geral para contribuir para a defesa da pátria, em conformidade com a legislação e os regulamentos em vigor”. O texto acrescenta que “todo cidadão é obrigado a responder imediatamente a qualquer convocação ou ordem de retorno, a cumprir sem demora a implementação das medidas de defesa da pátria e a se submeter à requisição”.
As autoridades afirmaram que o pacote tem como objetivo “preservar a integridade do território nacional” e “proteger a população”, em meio a ataques recorrentes atribuídos a grupos armados em várias áreas do Níger.
O país vive um conflito mortal há mais de uma década, com violência vinculada a combatentes associados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. Segundo o Armed Conflict Location and Event Data Project (ACLED), quase 2.000 pessoas foram mortas nesse período. No sudeste, também são relatados ataques repetidos do Boko Haram e de sua dissidência, o grupo conhecido como Província do Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP), ampliando a pressão sobre as forças de segurança.
A ordem de mobilização ocorre anos depois de medidas de expansão do aparato militar. Há cinco anos, o Níger ampliou suas forças armadas para cerca de 50.000 soldados e elevou a idade de aposentadoria de oficiais superiores de 47 para 52 anos. Desde que tomou o poder, após o golpe nacionalista de julho de 2023 que derrubou o então presidente Mohamed Bazoum, o governo militar também incentivou contribuições financeiras voluntárias para um fundo lançado em 2023, destinado a financiar gastos militares e projetos agrícolas.
Logo após o golpe, os governantes do Níger expulsaram as tropas francesas e norte-americanas do país. Desde então, o governo aprofundou a cooperação de segurança com Máli e Burquina Fasso, também sob governos militares anti-imperialistas. Os três países do Sahel anunciaram a formação de uma força conjunta de 5.000 soldados, uma resposta regional à atuação dos grupos armados, ao mesmo tempo em que se afastam de parceiros imperialistas.




