O secretário-geral do Hesbolá, xeique Naim Qassem, declarou neste domingo (28), durante um ato pelo segundo aniversário da morte do comandante Mohammad Yaghi, que o Líbano vive “no olho da tempestade e da instabilidade” e que os principais responsáveis pelas crises e pela convulsão no país são os Estados Unidos e o inimigo israelense.
Em sua fala, Qassem afirmou que a Resistência continuará a defender o Líbano “não importa o que aconteça” e que ameaças externas e tentativas de coerção não farão o movimento recuar. Dirigindo-se aos adversários, disse: “montem em seus cavalos mais altos e cooperem com as criaturas mais criminosas; nós nunca recuaremos, não nos renderemos e defenderemos nossos direitos, aconteça o que acontecer”.
O dirigente também voltou a afirmar que nem a Resistência, nem o Estado libanês devem tomar novas medidas antes que “Israel” cumpra sua parte no acordo de cessação de hostilidades firmado em novembro de 2024. Segundo Qassem, o lado libanês teria feito concessões e contribuições repetidas vezes, enquanto o inimigo israelense “não cessou as violações” e manteve invasões em território libanês.
No mesmo sentido, o secretário-geral do Hesbolá citou o caso do sequestro do oficial Ahmed Shukr, na região de Zahle, e questionou qual seria a posição do Estado diante do episódio. Qassem afirmou que setores do país defendem que o Exército libanês atue “com punho de ferro” contra seus próprios cidadãos, ao mesmo tempo em que teriam reagido negativamente ao ver “o tamanho da cooperação” entre o Exército e a Resistência.
Ao tratar da situação no sul do país, Qassem elencou como exigências imediatas o fim total das agressões “por terra, mar e ar”, a retirada completa das forças de ocupação israelenses, a libertação de reféns libaneses e a reconstrução do Sul do Líbano. “Se o Sul do Líbano cair, não restará Líbano”, afirmou, acrescentando que, por isso, “todos os libaneses” seriam responsáveis por defender a região.
Qassem declarou ainda que o país estaria diante de uma encruzilhada histórica com “duas opções”: a primeira seria ceder às exigências dos Estados Unidos e de “Israel”, sob tutela externa, abrindo caminho para o início da fragmentação do Líbano; a segunda seria a “renascença” do país e a recuperação da soberania por meio da expulsão de “Israel”. No mesmo sentido, afirmou que o que foi visto recentemente em uma batalha chamada por ele de “Povo de Firmeza” seria “apenas uma fração” da capacidade do movimento.
O secretário-geral do Hesbolá também abordou diretamente a campanha pelo desarmamento da organização. Para ele, a exigência seria um projeto conjunto de EUA e “Israel”, mesmo quando apresentada sob a fórmula do “monopólio das armas pelo Estado”. Segundo Qassem, levantar o tema do desarmamento enquanto persistem ataques israelenses serve aos interesses da ocupação, com o objetivo de eliminar a Resistência no Líbano.
Entre os pontos citados por Qassem, o projeto teria como metas desmantelar capacidades militares do país, enfraquecer uma das principais forças políticas, criar atritos com o Movimento Amal, fomentar divisão entre a Resistência e a população, manter a ocupação de “cinco pontos” no sul e permitir a continuidade de mortes “sem responsabilização”. “O inimigo deve implementar o acordo e cessar suas violações; só então poderemos discutir uma estratégia nacional de segurança que sirva aos interesses do Líbano”, afirmou.
Por fim, Qassem defendeu que a população libanesa tem o direito de se defender e que o Hesbolá participa da construção do Estado e do desenvolvimento nacional, destacando que a trajetória do movimento se manteve “íntegra”, sem corrupção, e voltada ao serviço ao povo. Ele também reiterou que, apesar da trégua anunciada em novembro de 2024, “Israel” violou repetidamente o cessar-fogo, e que a retirada prevista para janeiro não se completou, com presença israelense mantida em postos fronteiriços.




