O conselheiro do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de Honduras, Marlon Ochoa, voltou a denunciar, na noite deste sábado (27), um bloqueio no órgão eleitoral em meio à crise do chamado “escrutínio especial”. Segundo ele, apesar de o CNE ter recebido às 17h55 um relatório de Auditoria Externa apontando divergências e inconsistências em atas, a sessão do pleno segue suspensa “sem explicação”, o que impediria a retomada da recontagem em municípios decisivos.
De acordo com Ochoa, o documento identifica 61 prefeituras com diferenças inferiores a 5% e 879 atas com inconsistências. Ainda segundo o conselheiro, o relatório recomenda que o escrutínio especial seja iniciado pelas prefeituras com maior carga eleitoral, o que, na prática, significaria começar pelo Distrito Central, onde se concentra a principal disputa municipal.
Ochoa afirmou que a suspensão do pleno contraria compromissos assumidos publicamente por integrantes do próprio CNE. “Apesar de a conselheira Ana Paola Hall ter dito que, ao receber esse relatório, retomaria a sessão, já passa de meia-noite e não foi convocada novamente uma sessão do pleno”, declarou. Até o fechamento desta edição, não havia informação oficial de nova convocação.
Na avaliação do conselheiro, a ausência de sessão representa um bloqueio deliberado para impedir o avanço da contagem. “Que o povo tire suas próprias conclusões sobre esta nova tentativa de dificultar a contagem e roubar a eleição”, afirmou Ochoa, acrescentando que o atraso pode influenciar diretamente o resultado no Distrito Central.
A denúncia ocorre em meio ao aumento da tensão em torno do escrutínio, com impugnações pendentes e manobras para impedir a revisão voto a voto em municípios-chave. Ochoa vinculou o impasse ao que classificou como um golpe eleitoral impulsionado por setores do bipartidarismo e pelo lobby de Miami, com papel central da intervenção direta do presidente norte-americano Donald Trump, além da atuação das conselheiras Ana Paola Hall García e Cossette Alejandra López Osorio.
Em outra manifestação, também divulgada neste sábado, Ochoa informou que “persistem 7.901 atas com inconsistências” no nível de deputados e 2.413 no nível de corporação municipal. “É ilegal fazer uma declaração sem ter finalizado o escrutínio geral, como manda o artigo 283 da Lei Eleitoral”, disse. Com base nisso, afirmou que não acompanhará qualquer declaratória antes da conclusão do escrutínio geral.
Apesar das denúncias, a jornada para a declaração oficial segue programada para 30 de dezembro.
Hondurenhos protestam em frente ao TSE contra golpe eleitoral





