Política nacional

A tropa de choque de Alexandre de Moraes

Setor da esquerda brasileira desistiu de contestar os poderosos

Xandão

No dia 27 de dezembro de 2025, o jornalista Moisés Mendes publicou no portal Brasil 247 o artigo Tragam a cabeça de Alexandre de Moraes. O texto é um libelo apaixonado — e profundamente autoritário — em defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), reagindo às denúncias de que Moraes teria intercedido junto ao Banco Central para favorecer o Banco Master. Com um tom que mistura deboche e pânico, Mendes tenta transformar uma grave suspeita de tráfico de influência em uma mera “forçação de barra” da imprensa para desestabilizar o governo e salvar a extrema direita.

O argumento central de Mendes repousa sobre uma santificação de Alexandre de Moraes. Ao descrevê-lo como “o mais poderoso ministro da história” e o homem que “salvou a democracia”, o autor tenta estabelecer uma premissa de infalibilidade. Para Mendes, o currículo de Moraes no suposto combate à extrema direita deveria funcionar como um salvo-conduto jurídico e moral.

No entanto, essa visão é uma falsificação da realidade. O que Moraes promoveu não foi um combate ideológico ou em defesa de princípios democráticos, mas sim uma perseguição seletiva de determinados elementos por conveniência eleitoral. Ao utilizar métodos abertamente autoritários, atropelando o devido processo legal e concentrando poderes imperiais, o ministro não “salvou” nada; ele apenas institucionalizou um estado de exceção judicial cujas consequências o País pagará muito caro.

A tentativa de ridicularizar a denúncia através do tamanho do Banco Master é de uma desonestidade intelectual gritante. Mendes usa expressões como “banquinho de anônimos” e “porra de Banco Master” para sugerir que o escândalo é pequeno demais para derrubar um “gigante” como Moraes. Trata-se de uma falácia rasteira: o crime de tráfico de influência não se mede pelo valor de mercado da instituição beneficiada, mas pela quebra da isenção do cargo público. Ao comparar o caso com a “Fiat Elba” de Fernando Collor, Mendes tenta diminuir o fato, mas acaba lembrando ao leitor que, muitas vezes, é um detalhe aparentemente pequeno que revela a podridão de todo um sistema de favores. Se um ministro usa seu peso político para abrir portas a um banco — seja ele qual for — em troca de benefícios para o escritório de advocacia da esposa, a integridade da instituição já foi comprometida.

Do ponto de vista da prática jornalística, a postura de Mendes é ainda mais escandalosa. Ele cobra “provas cabais” apenas cinco dias após a denúncia inicial, celebrando o fato de que “não há nada capaz de sustentar a acusação” até agora. Acontece que o jornalismo de investigação vive justamente da publicidade da suspeita e do levantamento de indícios. Cobrar que a denúncia nasça com a sentença condenatória em mãos é, na prática, pedir o fim da fiscalização sobre as autoridades. O cidadão comum e a imprensa não possuem o aparato repressivo do Estado para investigar agentes do Estado; seu único instrumento de controle é lançar luz sobre escândalos para que as instituições sejam forçadas a agir.

Em última instância, o artigo de Moisés Mendes revela a decadência de um setor da esquerda nacional que desistiu de contestar os poderosos para virar sua tropa de choque.

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