Ao menos oito pessoas morreram e outras 27 ficaram feridas após uma explosão atingir, na sexta-feira (26), a mesquita Imam Ali bin Abi Talib, no bairro de Wadi al-Dhahab, em Homs, na Síria, durante as orações de sexta. A informação foi divulgada pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos, que afirmou não estar claro, até o momento, se o ataque ocorreu por meio de uma operação de tipo suicida ou por artefatos explosivos colocados no local.
Segundo a agência estatal síria SANA, uma fonte de segurança avaliou como mais provável a hipótese de explosivos instalados na mesquita. O templo é frequentado principalmente por integrantes da comunidade alauíta. Após a explosão, ambulâncias foram enviadas à região e forças de segurança isolaram a área. Moradores relataram pânico no entorno e disparos para o alto durante a tentativa de controle da situação.
Ainda de acordo com relatos locais, residentes de Homs e do distrito de Wadi al-Dhahab pediram que proprietários de veículos se dirigissem imediatamente à mesquita para auxiliar no transporte dos feridos aos hospitais. Autoridades locais confirmaram a existência de vítimas, sem detalhar, inicialmente, o total de mortos e feridos.
Outras informações divulgadas no mesmo dia elevaram o número de mortos para 12, mantendo o total de 27 feridos. Um grupo armado que se autodenomina Saraya Ansar Ahl al-Sunna reivindicou a ação e afirmou que foram usadas cargas explosivas.
O ataque em Homs ocorre em meio a novos episódios de violência sectária registrados no país. No dia 22 de junho de 2025, um homem-bomba atacou a Igreja Ortodoxa Grega Mar Elias, no bairro de Duilaa, em Damasco, matando ao menos 25 pessoas e ferindo mais de 60. Segundo os relatos, o autor abriu fogo contra fiéis durante uma celebração e, em seguida, detonou um colete explosivo. A ação foi reivindicada por um grupo que se apresentou como Saraya Ansar al-Sunna, descrito como ligado ao Estado Islâmico.
No início de outubro, desconhecidos vandalizaram a Igreja de São Cirilo, no bairro de Qassaa, em Damasco, danificando uma estátua da Virgem Maria, o que gerou forte reação pública. Ainda neste mês, a Igreja de São Miguel foi incendiada, em episódio descrito como o segundo do tipo em poucas semanas, em meio à instabilidade de segurança.
Desde o golpe pró-imperialista que resultou na queda do governo de Bashar al-Assad, grupos de direitos humanos e investigadores da ONU relataram violações contra a comunidade alauíta, incluindo assassinatos, prisões arbitrárias e deslocamento forçado, especialmente em áreas costeiras como Latáquia e Tártus. As organizações afirmam que os abusos têm caráter sectário, com dezenas de civis mortos e milhares de deslocados.
Em nota, o Hesbolá condenou o “ato terrorista” contra os fiéis em Homs e afirmou que o episódio “serve aos interesses” dos Estados Unidos e de “Israel”. O partido denunciou “este crime hediondo que atingiu crentes em uma sexta-feira abençoada, no mês sagrado de Rajab” e descreveu os responsáveis como “mãos criminosas que alcançam uma das casas de Deus”, apontando que agem com base em “ódio, exclusão e rejeição do outro”.
A organização exigiu a identificação e punição dos integrantes dos grupos responsáveis, defendendo “as penas mais severas”. O Hesbolá também apresentou condolências às famílias das vítimas e declarou esperar “rápida recuperação” aos feridos.
O Conselho Islâmico Supremo Alauíta, por sua vez, divulgou comunicado no dia 26 condenando o que definiu como ataques repetidos contra a comunidade alauíta, atribuindo “total e direta responsabilidade” às autoridades de fato e afirmando que a violência seria resultado de “políticas de exclusão, incitação e coerção”, com apelo por medidas urgentes de proteção à população civil e responsabilização dos autores.




