A condução da política econômica ao longo de 2025 revelou-se um amargo déjà vu, consolidando a submissão do governo frente ao sistema financeiro.
O ano se iniciou sob a sombra de um pacote fiscal anunciado em novembro de 2024. Uma capitulação vergonhosa do governo diante das pressões dos banqueiros e que, embora insuficiente para resolver o “problema fiscal” alardeado, impôs sacrifícios duros à população, cortando em áreas vitais como saúde e educação para, essencialmente, garantir o pagamento da dívida. A reação do mercado financeiro foi de insatisfação cínica: exigiram-se mais cortes e austeridade, provando que o ajuste apenas fortaleceu a sanha rentista.
A esperança de uma mudança no Banco Central (BC) com a nomeação de Gabriel Galípolo para a presidência se desfez em fumaça. Galípolo, que deveria ser o nome da redução dos juros, não apenas deu continuidade à política de seu antecessor, Roberto Campos Neto, como a aprofundou. A Selic atingiu a indecente marca de 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, em um ciclo de alta que só se interrompeu para manter a taxa neste nível por tempo “bastante prolongado”.
A consequência é um estrangulamento da economia nacional. O país se mantém como “paraíso dos rentistas”, onde quem vive de juros ganha, e quem trabalha perde. Cada ponto percentual na Selic custa dezenas de bilhões aos cofres públicos – R$970 bilhões do déficit nominal em 2024 foram para juros da dívida, não para programas sociais.
A meta de inflação de 3% é o instrumento técnico dessa política restritiva. Completamente fora da realidade histórica do Brasil (média de 5,60% do INPC), essa meta baixa força a manutenção de juros extorsivos, comprometendo o crescimento, o emprego e a arrecadação. Na prática, o BC estabelece a meta para si mesmo cumprir, ignorando que uma meta mais realista, entre 4% e 4,5%, permitiria uma política monetária menos restritiva e viabilizaria o desenvolvimento.
Some-se a isso a manutenção da remuneração das sobras de caixa dos bancos, um sistema apelidado de “bolsa banqueiro”, que garante lucros fáceis às instituições financeiras sobre os depósitos dos clientes e ali parado, custando trilhões aos cofres públicos na última década, sem qualquer transparência.
A crítica de líderes do governo sobre a Selic “proibitiva” é correta, mas contrasta com a inação no Conselho Monetário Nacional (CMN) para alterar a meta de inflação e, principalmente, com a demonstração de fraqueza do Executivo ao ceder às pressões do capital. A política de juros altos e o ajuste fiscal punitivo revelam uma perigosa dependência do governo, abrindo caminho para exigências ainda maiores, como uma nova contrarreforma da Previdência. Em 2025, o Brasil reafirmou um ciclo vicioso onde os lucros do sistema financeiro são intocáveis e o sacrifício imposto é sempre da classe trabalhadora.




