Nesta terça-feira (23), Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), participou da penúltima edição do programa Análise Política da 3ª deste ano. Transmitido pela Rádio Causa Operária, o programa teve início com a discussão sobre a crise dos Correios. Entre as denúncias dos trabalhadores neste fim de ano, estão o fim da hora extra tripla em feriados e o corte do “Vale Peru”, bonificação natalina de R$2.500, além da imposição de uma multa diária de R$100 mil aos sindicatos caso a greve não mantenha 80% do efetivo.
Ao comentar a situação, Rui Costa Pimenta classificou as medidas como “um ataque brutal contra os trabalhadores”. Segundo o presidente do PCO, o governo Lula demonstra falta de sensibilidade ao cortar benefícios às vésperas do Natal.
“Aí não adianta falar que é o ministro das Comunicações, porque o ministro é um funcionário do governo. Se o governo não quer, o ministro não vai fazer”.
Pimenta também direcionou críticas ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) por limitar o direito de greve. Para ele, a exigência de 80% de atividade é uma “proibição calhorda, hipócrita e velada”. O dirigente reforçou que “o TST é um órgão ditatorial” e que a Constituição é clara ao garantir o direito de greve como um direito dos trabalhadores, sem as amarras judiciais impostas.
A reestruturação dos Correios foi apontada como uma “ofensiva aparentemente final” contra os direitos conquistados. Pimenta alertou que esses ataques graduais servem para controlar a categoria:
“Você perde primeiro uma mão, depois um braço… quando você vê, você vira um toco de gente, você não tem mais nada.”
Para o presidente do PCO, o governo está preparando o terreno para a entrega da estatal. Ele defendeu que os Correios deveriam ser reorganizados para o mercado virtual, que é altamente lucrativo, em vez de serem sucateados. Rui Ele duramente a taxação de importações de baixo valor:
“O governo Lula deu um tiro no coração do Correio ao aumentar a taxa chamada ‘das blusinhas'”.
O governo arrecadou R$2,1 bilhões com a taxação, os Correios perderam R$1,2 bilhão em um semestre. “Como a gente não pode presumir que o pessoal do Ministério da Economia não saiba fazer conta, eles criaram um prejuízo intencional”, afirmou o dirigente, sugerindo que a política econômica visa favorecer empresas privadas como a Magazine Luiza.
O debate expandiu para o impacto social das privatizações. Pimenta argumentou que, ao prejudicar o salário de quase 100 mil trabalhadores, o governo degrada a economia local dos bairros. “É por causa disso que, depois da era FHC, nós temos 60 milhões de pessoas dependendo do Bolsa Família”, relembrou ele, afirmando que Lula corre o risco de perder o apoio de sua base histórica.
Com base em pesquisas que mostram Bolsonaro numericamente à frente na percepção de melhor governo, o presidente do PCO concluiu que o lema de reconstrução do atual governo fracassou. Ele criticou a falta de investimentos em obras públicas para gerar empregos e a manutenção da política neoliberal. “A política neoliberal… você pode dar dinheiro para os capitalistas, que é o que o governo Lula faz, mas dar dinheiro para o povo, não”, disse ele.
Analisando o cenário eleitoral, Pimenta comentou o crescimento de Flávio Bolsonaro nas pesquisas Quaest. Ele destacou que o senador busca uma imagem mais “moderada e centrada” para conquistar o mercado financeiro. “Se a burguesia tiver um senão aí… só se o chamado mercado financeiro olhar e falar: ‘Não, isso aí não vai dar certo'”, explicou sobre as chances da direita.
Ele ressaltou que Flávio Bolsonaro já realiza reuniões com banqueiros, assim como Lula fez no passado. O presidente do PCO sugeriu que o “mercado” pode aceitar Flávio caso ele apresente uma equipe econômica estritamente neoliberal, o que já parece estar em curso.





