Milhares de trabalhadores argentinos compareceram à Praça de Maio, em Buenos Aires, para protestar contra a reforma trabalhista proposta pelo governo de Javier Milei. A manifestação, que contou com a presença dos sindicatos ligados à Confederação Geral do Trabalho (CGT), é a maior expressão até agora da crescente disposição de luta da classe operária argentina diante dos ataques brutais promovidos pela política neoliberal.
Ainda que setores da direção da CGT tenham relutado em tomar medidas mais incisivas, tentando até recentemente negociar com o governo Milei, a base operária demonstrou que está disposta a ir à luta.
Entre os pontos mais graves da proposta estão o fim da chamada “ultratividade” dos acordos coletivos — o que abre caminho para a anulação automática de conquistas após o vencimento dos contratos —, a priorização de acordos individuais e por empresa em detrimento dos acordos coletivos nacionais, e o ataque frontal ao direito de greve e à organização sindical.
Diante dessa escalada, os discursos dos representantes da CGT, especialmente de seus porta-vozes — Jorge Sola, Octavio Argüello e Cristian Jerónimo —, refletiram a pressão das bases por um enfrentamento direto. “Se não escutarem nossos reclamos, haverá greve geral”, afirmou Sola. Já Jerónimo declarou: “abusam da palavra liberdade, mas só oferecem mais correntes”.
O projeto de Milei, que se sustenta com apoio da burguesia imperialista e do capital financeiro internacional, tenta fazer os trabalhadores pagarem pela crise do capitalismo. Não por acaso, os manifestantes que marcharam pelas avenidas do centro da capital argentina carregavam faixas que exigiam um plano de luta nacional e um imediato chamado à greve geral.



