Denúncia

Exclusivo: provocadores de extrema direita estão usando discurso identitário para intimidar militantes

Relatos apresentados ao Diário Causa Operária expõem rede de agentes fascistas do grande capital que atuam na cidade de São Paulo

Um conjunto de denúncias endereçadas à nossa equipe revelou que há, na cidade de São Paulo, um grupo de pessoas dedicadas a realizar provocações contra militantes de esquerda. Estas pessoas, que não foram identificadas por este Diário, estariam se valendo da histeria causada pelo identitarismo para estimular agressões e o uso da repressão estatal contra ativistas.

Segundo relatado, durante um ato na Avenida Paulista, localizada no centro de São Paulo, um grupo de indivíduos ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) esteve presente, provocando militantes e simpatizantes da esquerda, procurando constrangê-los pela suposta contradição entre suas ideias. Questionamentos como “por que o PT nunca teve um presidente negro” fizeram parte dos expedientes utilizados. Um dos indivíduos do grupo portava uma foto de Jair Bolsonaro e estava ao lado de um guarda civil.

Este comportamento é típico dos membros do MBL. Um de seus mais conhecidos integrantes, Arthur do Val, se notabilizou por ir a atos públicos e até mesmo escolas para constranger e intimidar manifestantes. Com esta política de tipo fascista, o MBL buscava criar um clima de pânico no interior na esquerda, pressionando os elementos mais vacilantes a não participar das manifestações.

Em outro relato, um militante do Partido da Causa Operária (PCO), narrou um episódio de intimidação e provocação enquanto encontrava-se sozinho no metrô. Em sua mochila, havia adesivos com a foto do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu e dizeres contra a ocupação da Palestina. De repente, um homem abordou o militante, perguntando se ele apoiava “terroristas” e chamando-o de “terrorista”.

O militante teria respondido que o agressor estava equivocado, argumentando que quem havia matado mulheres e crianças eram os sionistas e não o povo palestino. O agressor retrucou, questionando se o militante não “sentia vergonha” de apoiar quem matava crianças.

O militante, então, se afastou, sem tocar no agressor. Ao não conseguir desestabilizar o militante, o homem começou a insultá-lo e o acusou de estar filmando meninas que estavam no mesmo vagão.

Uma das meninas perguntou ao militante se ele a estava filmando, chamando-o de “safado”. O homem, então, começou a acusá-lo de importunação sexual e outros crimes. Esse bate-boca durou por duas estações. Em seguida, o agressor se identificou como policial e ameaçou indiciar o militante. 

O militante, então, sugeriu que eles descessem na Estação Paraíso para conversar com a segurança do metrô. As meninas desceram em outra estação. 

No momento em que o militante do PCO desceu do metrô, outro homem, descrito como um negro alto, juntou-se ao primeiro homem, e ambos tentaram tomar o celular de JT à força para apagar o suposto conteúdo. Ao chegarem à Segurança do Metrô (SSO), o agressor deu um soco no militante, que revidou em legítima defesa.

Quando o agressor viu o logotipo do PCO no celular do militante, ele o chamou de “nazista”. Ao ouvir isso, o segurança da SSO declarou que, como houve uma agressão, teria que ser feita uma ocorrência. O segurança confiscou o celular para averiguação, e ele preencheu uma ficha. O agressor, entretanto, recusou-se a registrar o Boletim de Ocorrência (BO), alegando ser policial e que havia sido agredido. O agente da SSO, vendo que o agressor não queria dar seguimento, optou por liberar ambos, escoltando o agressor para a saída.

De acordo com um terceiro relato, militantes foram impedidos de entrar em um evento na Casa de Portugal porque estavam vendendo material na rua. Um militante estava conversando com uma cidadã norte-americana que apoiava a Palestina quando um dos coordenadores do evento a interpelou de maneira rude, impedindo a entrada de ambos.

O evento era do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a Palestina e era patrocinado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Um militante perguntou ao coordenador se poderiam participar, já que haviam deixado a mochila na frente, mas o coordenador recusou, alegando que seriam “infiltrados”.

Meses atrás, a militante Stefania Robustelli, do PCO, já teve sua foto estampada em um poste, com os dizeres: “Stefania, perdeu a graça”. Um outro militante relatou ter sido ameaçado no metrô por usar uma camisa da Palestina, com um indivíduo chegando a apontar uma arma para ele. 

Os vários casos expõem um padrão de cerco a militantes que realizam sua atividade política nas ruas, seja por vestir uma camisa, seja por vender materiais, seja por distribuir panfletos. As provocações, semelhantes a vários casos que precederam o golpe de Estado de 2016, apontam para uma ação coordenada.

O golpe de 2016 foi notavelmente organizado pelos serviços de informação estrangeiros, em especial aqueles diretamente subordinados ao Departamento de Estado norte-americano. Especialistas na infiltração e na sabotagem, órgãos como a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), têm um longo histórico no treinamento e na organização de elementos de extrema direita, como é o caso dos “guarimberos” venezuelanos.

Na atual conjuntura, os serviços de inteligência israelenses também vêm participando de maneira destacada na vida política nacional. Em um dos casos que mais agrediram a soberania do Brasil, um comerciante, de nome Lucas Passos Lima, foi condenado a 16 anos de prisão por ordem expressa do Mossad.

Os casos recentes mostram que não apenas há uma política sistemática de intimidação dos ativistas de rua, como também o identitarismo tem servido como pretexto para a perseguição. O uso de uma fajuta defesa de setores oprimidos para encobrir uma operação de provocação fascista reforça a ideia de que o identitarismo, na medida em que se revela como um movimento voltado para processos judiciais e para o aumento de penas, é um movimento policialesco.

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