O Congresso do Peru aprovou, em 4 de dezembro de 2025, uma resolução que permite o ingresso rotativo de dezenas de militares dos Estados Unidos, equipados com armas de guerra, ao longo de todo o ano de 2026. A medida, publicada no diário oficial El Peruano, visa apoiar treinamentos conjuntos com as Forças Armadas peruanas e a Polícia Nacional (PNP), incluindo forças especiais como o Comando de Inteligência e Operações Especiais Conjuntas (Cioec), a Força Especial Conjunta (FEC) e brigadas de elite do Exército, além de divisões como Direção de Operações Especiais da PNP.
Os grupos militares norte-americanos, oriundos do Departamento de Defesa dos EUA, permanecerão por períodos de 3 a 6 meses cada, abrangendo áreas como forças de paraquedistas (SEAL) da Marinha, assuntos civis e inteligência. Essa presença rotativa totalizará atividades de ‘’cooperação em segurança’’ , com foco em operações antiterrorismo, inteligência e capacitação tática. O governo peruano enfatizou que a autorização se baseia no artigo 102 da Constituição, assegurando que não compromete a soberania nacional, e ocorre em contexto de fortalecimento de laços bilaterais, incluindo reuniões recentes entre o presidente José Jerí e delegações do FBI, além de intenções dos EUA de elevar o Peru a “aliado principal não membro da OTAN”, conforme declarado pelo chanceler Hugo de Zela.
A decisão surge em meio a uma aproximação estratégica entre o governo peruano e o imperialismo norte-americano, impulsionada por ‘’preocupações’’ com estabilidade hemisférica, narcotráfico e influência de potências externas como China e Rússia na América do Sul. Setores de esquerda e movimentos indígenas, alertam para riscos de ingerência externa e perda de autonomia, comparando a medida a precedentes históricos de bases militares estrangeiras na região. apontando que isso pode sinalizar uma tendência para outros países da América Latina, como Colômbia e Chile, que já realizam exercícios conjuntos frequentes com os EUA, ou até Brasil e Equador, em meio a negociações para maior cooperação em defesa sob o governo Donald Trump.
A esquerda peruana deve ficar atenta a esta resolução como um catalisador para uma “nova doutrina Monroe 2.0”. Venezuela e Nicarágua condenaram a medida como “invasão disfarçada”, enquanto o Chile sinaliza interesse em protocolos similares para patrulhas “anti- narcotráfico” no Pacífico Sul. Essa onda pode alcançar Argentina e também Brasil, reforçando o controle norte-americano no Cone Sul.





