O artigo Ainda há democratas e gente séria no Congresso, publicado pelo Brasil 247 e assinado por Pedro Maciel, que eleva o Senador Otto Alencar (PSD-BA) ao status de “gente séria” no Congresso por sua oposição ao PL da Dosimetria não é apenas ingênuo; é uma completa inversão da realidade. O Senador, que é um quadro orgânico do PSD e do Centrão, age não como um democrata, mas como um agente do grande capital que usa a repressão como instrumento de coação política.
O PL da Dosimetria é, em sua essência, um projeto que visa a diminuição de penas. Embora tenha sido introduzido com o objetivo de blindar os acusados de envolvimento no 8 de janeiro e se tornar uma moeda de troca na guerra do Congresso contra o STF, seu efeito prático é a redução da punição. Qual deveria ser a posição da esquerda? Sempre a favor da diminuição do poder de punição do Estado burguês.
O que é inaceitável e cinismo puro é a oposição de Otto Alencar ao PL. Ele e o grande capital se opõem à medida, não por uma defesa moral do Judiciário, mas por um cálculo frio: eles querem manter Bolsonaro coagido e sob a ameaça de prisão para forçar a base bolsonarista a apoiar um candidato do regime (como Tarcísio de Freitas) nas eleições de 2026.
A oposição de Alencar à redução de penas não é um ato de “sensatez”; é uma manobra tática de classe para garantir a estabilidade do sistema e o controle sobre a sucessão presidencial.
O autor do artigo de opinião tenta vender Otto Alencar como um “democrata sério” por criticar a “baderna” da Câmara e se apegar ao rigor jurídico do Senado. Mas Alencar é um agente de classe com um histórico marcado por ataques ao povo:
- Ele votou a favor da PEC do Teto de Gastos (2016)
- Ele é um quadro do PSD, um dos principais partidos da chamada “terceira via”
O povo deve lutar pela diminuição de penas e pela redução do poder repressivo do Estado em todas as frentes. A “gente séria” no Congresso não é o político do PSD que defende o Judiciário reacionário. Gente séria é quem denuncia o Judiciário como uma casta não eleita que usa a prisão de Bolsonaro para barganhar seus próprios interesses.




