O comandante das Forças Armadas de Honduras, Roosevelt Hernández, declarou na quarta-feira (10) que os militares irão “garantir” a transferência de poder ao candidato declarado vencedor das eleições presidenciais de 30 de novembro, cuja apuração segue marcada por denúncias de fraude e interferência estrangeira. Em entrevista ao canal privado Televicentro, Hernández afirmou que a instituição “apoiará e reconhecerá todos os resultados” divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e acrescentou que aguarda a proclamação oficial do vencedor para “garantir […] a transferência da presidência da República”.
A intervenção pública do chefe militar ocorre em um país em que as Forças Armadas desempenham papel decisivo na vida política e já protagonizaram sucessivos golpes de Estado, incluindo o de 2009, quando o então presidente Manuel Zelaya foi derrubado. Zelaya é marido da atual presidenta, Xiomara Castro, do partido governista Libre, que também passou a denunciar um golpe no processo eleitoral.
Com mais de 99% das urnas apuradas, o direitista Nasry Asfura, candidato do Partido Nacional e apoiado pelo presidente norte-americano Donald Trump, lidera a contagem com vantagem estreita sobre Salvador Nasralla, do Partido Liberal, por cerca de 40 mil votos. Os dados divulgados indicam 40,52% para Asfura e 39,2% para Nasralla. A candidata governista Rixi Moncada aparece em terceiro lugar, com 19,29%.
Nasralla afirma que houve fraude em favor de Asfura. As acusações foram reforçadas por Castro e por Moncada, que chegou a pedir a anulação do pleito. No Congresso, uma comissão declarou na quarta-feira que pretende rejeitar os resultados, ainda não oficializados, e classificou o processo como “golpe eleitoral”, acusando Trump de interferência na eleição.
O CNE informou que cerca de 2.700 atas, aproximadamente 15% do total, apresentam “inconsistências” e, por isso, exigem revisão adicional. Segundo a própria autoridade eleitoral, esse conjunto de atas reúne votos suficientes para alterar o resultado final, o que intensificou a disputa. Na quinta-feira (11), a funcionária do órgão eleitoral Cossette López-Osorio anunciou que uma recontagem especial será realizada para resolver as irregularidades e indicou que o procedimento poderia começar já na sexta-feira (12).
Enquanto a indefinição se prolonga, protestos já foram registrados em Tegucigalpa. A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), organização imperialista, pediu aceleração da contagem e mais transparência, pressionando por uma conclusão rápida das verificações. López-Osorio declarou esperar que, em três dias, seja possível divulgar as checagens relacionadas à eleição presidencial.





