Nesta terça-feira (9), o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados por mais de duas horas em protesto contra a decisão do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) de pautar sua cassação por quebra de decoro parlamentar, um processo grotesco motivado por ele ter chutado um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) em abril de 2024. A ação de Braga, que ele considerou um legítimo direito político e uma forma de não aceitar a “anistia para um conjunto de golpistas” — referindo-se ao PL da Dosimetria que estava em pauta e poderia beneficiar, inclusive, Jair Bolsonaro —, culminou em sua remoção à força pela Polícia Legislativa.
A ordem para retirada de Braga veio acompanhada de medidas ditatoriais e inéditas por parte da Presidência da Casa. Antes da intervenção policial, Motta determinou o esvaziamento do plenário, impedindo a entrada de jornalistas, e o sinal da TV Câmara foi cortado, cerceando a cobertura e o direito à informação da sociedade. A remoção do deputado do PSOL foi marcada pela truculência: imagens gravadas por outros parlamentares e relatos da imprensa indicam que, além da força usada para retirar Braga — que inclusive teve o terno rasgado e alegou ter se machucado —, os agentes da Polícia Legislativa empurraram e derrubaram jornalistas que tentavam registrar o ocorrido fora do plenário. Glauber Braga, juntamente com as deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, registrou um boletim de ocorrência por agressão, atribuindo a responsabilidade a uma ordem de Hugo Motta.
Hugo Motta argumentou que a ocupação “desrespeitou” a própria Câmara e o Poder Legislativo, caracterizando-a como “abuso” e não como “liberdade de expressão”. Ele justificou o uso da força com base em um ato da Mesa Diretora que permite a suspensão de circulação por segurança. Entidades como a Fenaj e o SJPDF emitiram notas repudiando o episódio, classificando-o como censura e agressão à imprensa.



