No dia 6 de dezembro, foi realizado na FAIND, no município de Dourados, o 1° Encontro de Luta das Retomadas e por Demarcações organizado por lideranças dos índios de retomadas, aldeias e movimentos que apoiam essa causa.
A iniciativa, tendo a frente importantes lideranças Guarani-caiouá, impulsionada pelo Coletivo Terra Vermelha (de militantes e simpatizantes índios do PCO e de movimentos da luta dos trabalhadores do campo), é uma importante alavanca para fazer o movimento das retomadas e pela demarcação avançar.
O encontro colocou em debate o conjunto da situação política e a luta dos trabalhadores e dos índios, destacadamente, a luta pela terra. Sua realização representou um avanço das retomadas frente à violência do latifúndio, do Estado e da paralisia nas demarcações.
Apresentamos ao movimento um primeiro balanço e algumas das principais resoluções discutidas e encaminhadas no encontro para o qual se inscreveram cerca de 100 ativistas e lideranças dos índios.
Defesa das demarcações
Ampliar e unificar as autodemarcações, com medidas do movimento que façam as demarcações avançarem com iniciativas não burocráticas como promessas de parlamentares e do governo, mas na prática e que será realizada pelos índios da base do movimento de luta; propor dias unificados de luta, atos e marchas unificadas.
Autodefesa
A violência dos latifundiários está cada vez mais intensa e vem crescendo com o apoio sistemático do Estado. Há uma enorme quantidade de processos criminais abertos pelo Judiciário contra lideranças e integrantes das retomadas que lutam por seus direitos. Com o aumento da violência e de processos contra lideranças, é preciso dotar-se de maneiras de unificar o movimento e criar sua própria defesa contra o latifúndio e seus jagunços e a criminosa repressão do Estado contra os índios.
É preciso realizar campanhas denunciando os assassinatos e os processos fraudulentos contra dezenas e dezenas de lideranças dos índios, exigir sua imediata libertação e buscar a anulação de todos esses processos.
Fim da perseguição contra índios que realizam arrendamento
A repressão contra índios que se utilizam do arrendamento como meio de sustento diante da total falta de opção e de apoio do Estado para melhorarem de vida é uma brutal forma de repressão.
Ministério Público, IBAMA, Polícia Federal com apoio de outros órgãos estão entrando nas aldeias e retomadas e distribuindo multa com valores absurdos contra índios que buscam melhorar de vida através das suas terras.
Para garantir que os índios não precisem arrendar suas terras, é necessário mudanças na lei e no investimento pesado do Estado nessas áreas. Assim como o Estado (com recursos do povo) financia o agronegócio e a agricultura familiar, deve garantir linhas de financiamento para os índios, capacitação, máquinas, equipamentos e tudo o que for necessário para que se possa produzir alimentos e outros bens, bem como explorar a riqueza de suas terras em favor dos índios e do Brasil.
Melhores condições de vida
O encontro debateu a necessidade de organizar campanhas e mobilização pela conquista de água para todas as aldeias e retomadas, fornecimento de energia elétrica, instalação e melhoria dos postos de saúde e escolas e outros serviços essenciais que melhorem a vida dos índios.
Debateu-se, também, a necessidade de realizar oficinas e outras atividades para oferecer formação e compartilhar conhecimentos que garantam a todos, especialmente às mulheres, condições de obterem uma renda própria, bem como debater suas necessidades e sua luta em unidade com todos os demais setores contra o latifúndio e o Estado opressor.
Situação política
Contra a política dos que usam os índios e todos os setores explorados como massa de manobras dos interesses dos capitalistas, latifundiários e suas máfias políticas, é preciso usar o processo eleitoral (como todos os demais terrenos) para mobilizar, impulsionar a luta, ajudar no processo de conquista da demarcação e apoio às aldeias e retomadas. Daí a necessidade de escolha e indicações de candidatos de luta dos guaranis e demais etnias, combativos e que defendam a mobilização e estejam a serviço dela e não do favorecimento pessoal e de acordos com governo que mais atacam os índios no Brasil.
Unificar o movimento dos índios pela base
Adotar medidas que unifiquem o movimento com uma organização independente de governos e ONGs pró-imperialistas para fortalecimento das retomadas, enfrentamento com o latifúndio, diminuição da violência e de atividades conjuntas, como, por exemplo, a realização de atividades como ocupações (retomadas), fechamentos de estradas, atos etc. convocadas pelas organizações dos índios, como o Aty Guassu, no Mato Grosso do Sul, que mobilizem milhares contra o latifúndio.
Continuidade da luta
Dar continuidade à luta dos índios por meio do debate dessas resoluções em organizações, como o Aty Guassu, nas aldeias e retomadas e realizar um novo Encontro de Luta em fevereiro de 2026.




