A Associação Nova Roma, vinculada à Nova Resistência, divulgou nota de pesar pelo falecimento de Natália Braga Costa Pimenta, dirigente do Partido da Causa Operária e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina. Natália morreu em 22 de novembro, aos 40 anos, vítima de leucemia mieloide aguda.
Na nota, a entidade recorda que ela dedicou 28 anos à militância política, com papel decisivo na formação de uma nova geração de ativistas e na consolidação da presença do PCO no movimento estudantil, especialmente na Universidade de São Paulo. O texto a descreve como “polemista incansável”, que defendia a soberania nacional, o direito do povo palestino de existir e a classe trabalhadora, combatendo o projeto de internacionalização da Amazônia, o identitarismo e o sectarismo.
A Associação enfatiza que não é possível separar sua vida de sua militância, nem sua morte das condições políticas e econômicas que marcaram o tratamento. A nota explica que o medicamento Revumenib, utilizado nos Estados Unidos, tem preços proibitivos e ainda não está registrado no Brasil. Mesmo assim, Natália tinha “direito constitucional subjetivo” ao remédio, conforme o Tema nº 6 do Supremo Tribunal Federal (STF), que trata do fornecimento de medicamentos não incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O texto relata que o pedido de liminar para obter o medicamento foi negado em primeira instância. Em grau de recurso, a decisão foi reformada, reconhecendo o direito de Natália ao tratamento. No entanto, a execução da decisão ficou condicionada a uma sequência de trâmites burocráticos que se estendeu por semanas, até que o quadro clínico da militante se agravou de forma irreversível. “O remédio nunca chegou”, resume a nota.
Para a Nova Roma, Natália “sucumbiu às ramificações do neoliberalismo: austeridade, ineficiência e sucateamento”. A entidade responsabiliza o sistema que impede o acesso a tratamentos disponíveis e protege a política de patentes dos grandes laboratórios, criando uma barreira entre a tecnologia médica e os pacientes que dela necessitam.
A nota lembra ainda que Natália deixa pai, marido, dois filhos, dois irmãos e um grande número de companheiros de luta, que guardam como legado seu “rigor organizativo, brilhantismo teórico, capacidade de liderança e poder argumentativo”. A homenagem da organização se soma a outras manifestações de solidariedade, como a mensagem do rabino Weiss e as declarações de movimentos de solidariedade à Palestina.
Confira, abaixo, a nota na íntegra:
“A Associação Nova Roma manifesta seu pesar pelo falecimento, em 22 de novembro, de Natália Braga Costa Pimenta, dirigente do Partido da Causa Operária (PCO) e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal).
Filha de Rui Costa Pimenta, Natália dedicou 28 anos de sua vida à militância política. Sua atuação foi decisiva na formação de uma nova geração de militantes e na consolidação da presença do PCO no movimento estudantil brasileiro, especialmente na Universidade de São Paulo. Polemista incansável, defendeu até seus últimos dias a soberania brasileira, o direito palestino de existir e a classe trabalhadora, ao passo em que combatia a internacionalização da Amazônia, o identitarismo e o sectarismo.
Assim como não se pode pensar em sua vida à parte da política, o mesmo se pode dizer de sua morte: a militante enfrentava leucemia mieloide aguda, patologia que vem sendo tratada nos Estados Unidos com o medicamento Revumenib, sob os típicos preços obscenos dos fármacos inovadores patenteados no país. Apesar de o Revumenib ainda não estar registrado no Brasil, Natália tinha direito constitucional subjetivo a recebê-lo, nos termos do Tema n.º 6 do Supremo Tribunal Federal. Entretanto, a liminar que pediu o acesso ao medicamento foi desprovida em primeira instância judicial. Mesmo após a decisão ser reformada em sede recursal, sua execução foi condicionada a seguimentos burocráticos que duraram semanas preciosas. Após uma vida inteira de resistência ao neoliberalismo, Natália sucumbiu a suas ramificações: a austeridade, a ineficiência e o sucateamento. O remédio nunca chegou.
Natália Pimenta deixa para trás pai, marido, dois filhos, dois irmãos e incontáveis companheiros de luta. Permanece seu testemunho de dedicação integral à justiça social e à amizade entre os povos. Seu legado será marcado pelo exemplo de rigor organizativo, brilhantismo teórico, capacidade de liderança e poder argumentativo.”




