Uma pesquisa realizada entre 15 de agosto e 20 de setembro pelo Instituto Data Favela, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), a Favela Holding e o Instituto DataGoal, revelou que 57% das pessoas hoje envolvidas em atividades ligadas ao tráfico de drogas deixariam o crime se tivessem oportunidade de emprego ou de empreender.
O estudo, batizado de Raio-X da Vida Real, ouviu 3.954 pessoas em favelas e periferias de 23 estados brasileiros. As entrevistas foram conduzidas presencialmente por pesquisadores, que aplicaram um questionário de 84 perguntas, dividido em quatro módulos: família, educação e saúde; caminhos do crime; vivências, cotidiano, consumo e cultura; e juventude, raça e relações sociais.
Questionados sobre o que os faria sair do crime de maneira definitiva, 57% apontaram alternativas ligadas ao mundo do trabalho: empreendedorismo, emprego formal com carteira assinada ou formas de emprego com alguma flexibilidade.
Dentro desse grupo, 22% responderam que deixariam as atividades ilícitas se pudessem empreender e abrir o próprio negócio. Em São Paulo, esse índice sobe para 25%, indicando que uma parcela importante das pessoas envolvidas no tráfico vê na pequena atividade econômica uma possibilidade concreta de mudança de vida, desde que tenha acesso a crédito, apoio técnico e um mínimo de estabilidade.
Outros 20% afirmaram que sairiam do crime se tivessem emprego com carteira assinada. Neste ponto, o quadro regional se inverte: em São Paulo, o índice cai para 14%, enquanto no Rio de Janeiro chega a 30% e, no Rio Grande do Sul, alcança 49%, quase metade dos entrevistados dispostos a trocar o crime por um posto formal de trabalho.



