Conforme o ano de eleição se aproxima, crescem as menções negativas à “polarização”. O velho discurso de que a polarização é algo ruim e de que devemos buscar o “caminho do meio” se intensifica, tentando abrir espaço para vigaristas políticos. Devemos combater essa narrativa ativamente, pois ela apenas leva a apoiar picaretas que querem aparentar ser razoáveis, mas, na verdade, são neoliberais.
Primeiro, é preciso dizer que há grupos com os quais não se deve buscar entendimento de forma alguma. Quem vai propor chegar a um meio-termo com o partido Nazista de Adolf Hitler? Quem vai transigir com o partido Likud de Benjamin Netanyahu, criminoso de guerra que conduz um genocídio em Gaza? Não faz sentido. Esse pessoal deve ser combatido ativamente, mostrando que as consequências inevitáveis de suas propostas são a miséria e a morte.
Miséria e morte também são as consequências inevitáveis de políticas defendidas pelos que se apresentam como querendo transcender a polarização, a terceira via, como é o caso de Fernando Henrique Cardoso no passado, ou Eduardo Leite, Eduardo Paes, e João Campos hoje. Vale lembrar que em 2001, durante o governo FHC, morriam mais de 300 crianças por dia de fome no Brasil. De forma similar, em 2024, sob o governo de Eduardo Leite, houve uma enchente no Rio Grande do Sul que matou 185 pessoas. Esses desfechos não são mera coincidência, mas consequências inevitáveis da implementação das políticas de austeridade desse pessoal, que em vez de direcionar fundos para iniciativas sociais, desviam o dinheiro para banqueiros.
A retórica de “superar a polarização” funciona, na prática, como uma defesa do neoliberalismo. Por isso, não se trata de reduzir a polarização, mas de aprofundá-la de forma consciente: é preciso marcar uma oposição firme, sistemática e intransigente a políticas que empurrariam o país ainda mais fundo no buraco em que já estamos. Esse discurso da superação da polarização é também despolitizador, pois simplifica a realidade ao apresentá-la como uma disputa entre dois supostos extremos, enquanto o “caminho do meio” apareceria como a opção sensata e verdadeira. Trata-se de uma ilusão: assim como 2 + 2 continuará sendo 4, a austeridade fiscal no Brasil continuará produzindo miséria social.



