Na Ucrânia, uma operação anticorrupção culminou na prisão do chefe de gabinete do presidente Vladimir Zelensqui. O presidente ucraniano tem se distanciado do caso, em um momento de intensa pressão por setores do próprio regime, apoiado pelos Estados Unidos. Tais denúncias de corrupção são ajustes internos dentro da própria estrutura política. A elevada corrupção no país é de conhecimento geral, e ocasionalmente, quando a situação atinge proporções críticas, cabeças precisam ser expostas e punidas.
O cenário de corrupção excessiva representa um problema para o esforço de guerra, pois pode prejudicar o apoio financeiro substancial concedido pelos países europeus e pelos Estados Unidos. Há o receio de que o desvio de recursos mine o esforço de auxílio à guerra, levantando questionamentos sobre o destino do dinheiro.
Ao mesmo tempo, aproxima-se uma reunião de cúpula com a presença de um enviado do presidente americano, Steve Wkoff, em Moscou, para encontros com o presidente russo, Vladimir Putin. A imprensa imperialista apresentou essa decisão como um movimento dos norte-americanos para ignorar a Europa e buscar um acordo que, finalmente, possa encerrar o conflito.
Putin, por sua vez, declarou que qualquer acordo necessário deve pôr fim à “pirataria ucraniana” no Mar Negro. A proposta russa, segundo relatos, incluiria a retirada de território ucraniano, passando o controle à Rússia de áreas que alcançam até Odessa, fechando o acesso da Ucrânia ao mar. A concretização de um acordo seria improvável antes de um desfecho nessa região. É possível que as forças russas acabem sendo forçadas a tomar Odessa para conseguir estabelecer o acordo.
A aparente aceleração do governo norte-americano em torno de um acordo não tem o apoio do imperialismo norte-americano, expressando mais um desejo de Donald Trump, que almeja um acordo para resolver problemas internos e elevar sua política internacional, buscando a Rússia como aliada em detrimento dos europeus.
Curiosamente, o Banco Central Europeu (BCE) negou a proposta da presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, de realizar um empréstimo de 140 bilhões de euros garantidos pelos ativos russos confiscados. A recusa em financiar essa situação mostra o temor da Rússia por parte dos países europeus, que hesitaram em se envolver nessa questão financeira, apesar do confisco prévio de ativos de diversos outros países.
Enquanto países europeus discutem a possibilidade de um conflito contra a Rússia, esta declarou não ter interesse nem motivo para atacar a Europa, mas afirmou estar pronta caso a Europa inicie uma guerra. A preparação europeia para um conflito contra a Rússia é um fato, com vazamentos de documentos na Alemanha que corroboram essa visão.
O início da operação militar russa na Ucrânia foi uma infração grave à lei não escrita internacional estabelecida pelo imperialismo. Um desafio dessa magnitude não poderia ser aceito pelo grande capital, pois implica uma mudança no status quo internacional que poderia desencadear outras transformações. Por essa razão, o imperialismo não está disposto a permitir o avanço russo.
