A esquerda pequeno-burguesa procura apresentar a prisão de Bolsonaro e dos três generais de pijama como uma vitória da “democracia”. Segundo a propaganda, a esta tal “democracia”, que ninguém sabe o que é, teria imposto uma derrota aos militares em geral e aberto um novo capítulo na história do Brasil em que não haveria mais golpes de Estado.
Isso não tem o menor fundo de realidade. Primeiro, a prisão tanto de Bolsonaro quanto dos generais visa abrir caminho para que a burguesia seja capaz de lançar um candidato próximo do bolsonarismo, mas não do bolsonarismo. É o caso do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Toda a discussão gira em torno desse problema. A maioria dos generais não foi comprometida, e a maioria deles participou do golpe de 2016, o que foi absolutamente esquecido pela esquerda pequeno-burguesa.
Uma das características mais reacionárias dessa campanha é o esquecimento do golpe de 2016, dado por pessoas muito perigosas. O movimento bolsonarista, isoladamente da burguesia, não é perigoso. Tanto que se observa que a burguesia está conseguindo, apesar de não possuir voto algum, controlar o bolsonarismo com extrema facilidade. Há mais de 10 pessoas fora do país, que tiveram que fugir porque seriam presas aqui, e há uma quantidade enorme de gente presa, tudo sob o pretexto do golpe de Estado, o que demonstra que a capacidade de reação do bolsonarismo é pequena.
Alguns meses atrás, Armínio Fraga, banqueiro ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que apoiou publicamente a eleição de Lula em 2022, declarou que o mercado financeiro agora necessita de um candidato com uma política econômica de direita. Aparentemente, o conjunto da burguesia já fechou questão com a operação Tarcísio.
Não é por acaso. O Brasil é, de longe, o país mais importante de toda a América Latina. Se o Brasil seguir um determinado rumo, isso arrastará os outros países da América Latina. Os Estados Unidos observam a situação política levando em consideração esse problema. O cenário no Brasil se assemelha a um final de campeonato, não é uma partida qualquer.
No Peru, houve vários golpes de estado e agora há uma ditadura; se houver eleições, é provável que o fujimorismo, uma extrema direita, vença. O Paraguai sempre foi uma ditadura, exceto no breve período de Fernando Lugo; o Equador é uma ditadura; na Bolívia, o imperialismo deu um golpe de Estado, tirou Evo Morales, e venceu um neoliberal, que só conseguirá governar debaixo de uma ditadura.
Na Colômbia, o cenário não está claro, mas indica que a direita voltará ao governo, e no México, começou uma mobilização para derrubar o governo de Claudia Sheinbaum, um governo fraco de esquerda. O Brasil é uma peça-chave nesse esquema todo. Se não houver vitória do imperialismo, a situação fica complicada para o grande capital em todos os lugares, estimulando a oposição à sua dominação.
Não se pode ignorar que o imperialismo caminha para a guerra. Recentemente, vazou um documento do Estado-Maior das Forças Armadas da Alemanha que aponta que até 2029 haverá uma guerra contra a Rússia. Isto é, o imperialismo tem um cronograma para a guerra. Há ameaças contra a Venezuela, ameaças contra o Irã, ameaças contra a China, visto que a nova primeira-ministra do Japão está totalmente alinhada à política de guerra contra a China.
Quando a guerra começar, o imperialismo terá de garantir que os países que considera suas colônias não se rebelem. Isso significa que, para os Estados Unidos, por exemplo, não poderá haver ninguém apoiando Rússia e China na América Latina, o que seria a facada nas costas. Por isso, as eleições brasileiras serão decisivas.





