Presidente do PCO

Rui Pimenta: Natália agora é parte do programa do PCO

Dirigente destacou trajetória política, capacidade organizativa e crime cometido contra sua filha, falecida em 22 de novembro

Durante o ato em homenagem a Natália Pimenta, realizado neste domingo (30) em São Paulo, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, fez uma longa intervenção em que destacou a dimensão política, intelectual e humana da dirigente, falecida no dia 22 de novembro após o Estado brasileiro ter negado, por quase dois meses, o acesso a um medicamento essencial. Pimenta abriu sua fala afirmando que “a Natália merece muito essa homenagem”, ressaltando que poucas palavras seriam insuficientes diante de uma trajetória tão extensa e profunda.

Logo no início, recordou a excepcional capacidade intelectual da companheira: “A Natália tinha uma qualidade de inteligência que não é fácil de definir”, observou. “Ela tinha suas próprias ideias dentro de uma formação marxista que ela assimilou profundamente”, explicou. Rui enfatizou que, ao contrário da calúnia absurda de que os militantes seriam “teleguiados”, Natália era exatamente o oposto: uma militante de altíssimo nível teórico, capaz de conduzir discussões complexas com grande profundidade.

Ao tratar do papel político de Natália, Rui destacou que ela tinha “uma capacidade de organização nata”, reunindo pessoas em torno de si “pela pura capacidade de compreensão”, sem jamais recorrer à truculência. Relatou que, ainda muito jovem — entre 13 e 15 anos — liderou um pequeno grupo de militantes que daria origem ao Diário Causa Operária. O dirigente relembrou que, em meados da década de 1980, período marcado pelo auge do neoliberalismo e grande dificuldade organizativa para o partido, Natália reuniu jovens militantes e assumiu a tarefa pioneira de explorar a então emergente internet para viabilizar a produção de um jornal diário.

“Imaginem vocês uma pessoa capaz, com 15 anos de idade, de criar um jornal diário na internet, uma tarefa extremamente complexa”, afirmou. Foi no contexto da Revolução Boliviana que o grupo, liderado pela companheira, passou de uma matéria por dia para várias, acompanhando intensamente os acontecimentos internacionais. “A partir dali surgiu o Diário Causa Operária, que até hoje é o único jornal diário da esquerda na internet”, explicou.

Pimenta observou que o Partido não cultiva a cultura de elogios pessoais, motivo pelo qual Natália jamais havia sido formalmente homenageada. “Mas agora é o momento da homenagem”, completou, defendendo que seu exemplo seja conhecido e utilizado para orientar novas gerações de militantes.

Um dos pontos centrais da intervenção foi a denúncia política sobre a morte da companheira. Rui foi categórico: “Isso aqui não foi uma morte comum, isso aqui foi um assassinato”. Segundo ele, Natália foi vítima de um crime cometido pela burocracia estatal, que negou sistematicamente o acesso ao medicamento prescrito pelos médicos. “A privação de atendimento é assassinato”, afirmou.

O dirigente explicou que o remédio era testado, com eficácia comprovada, e que o Partido passou quase 50 dias tentando obtê-lo. “Eles colocaram o remédio num grupo de licitação. Só existe uma única empresa que fabrica esse remédio. Licitação para quê? Para perder tempo”, denunciou, lembrando que uma pessoa em tratamento contra o câncer vive entre a vida e a morte.

Rui relatou que diversas figuras, especialmente parlamentares do PT, se mobilizaram para tentar romper a muralha burocrática — entre eles, a deputada Isabel Noronha, o deputado Jilmar Tatto, o deputado Lindbergh Farias e a ministra Gleisi Hoffmann. O presidente do PCO fez questão de reconhecer esses esforços: “nós não somos ingratos. Sempre reconhecemos quem nos ajudou”.

Ao mesmo tempo, apontou responsabilidades: “nós vamos responsabilizar o Ministério da Saúde pelo que aconteceu. Não é um problema de partido, é um problema do sistema”. O dirigente afirmou que o Partido já prepara medidas jurídicas e que será feita uma investigação completa.

Pimenta argumentou que a luta pelo caso de Natália integra a defesa de toda a população diante de um sistema controlado por “vampiros financeiros internacionais”. Ele denunciou a infiltração desses interesses no Ministério da Saúde e a atuação do Judiciário, que, segundo ele, negou 78 pedidos de medicamentos em apenas uma semana. “O povo brasileiro é tratado como lixo por essa gente”, afirmou.

“Se nós, PCO, não temos condição de defender os nossos, não vamos defender ninguém”, disse, ressaltando que a campanha será ampla, envolvendo denúncias, relatos de outros casos e mobilização política. Defendeu ainda um projeto de lei simples e direto: se o médico prescreveu e o remédio existe, o Estado tem obrigação de fornecê-lo, sem burocracia.

Ao abordar a situação nacional, o dirigente fez um alerta: “caminhamos para tempos piores”. Segundo ele, a burguesia busca impor um governo alinhado aos interesses dos bancos, citando Tarcísio de Freitas como o principal nome hoje. “Se ele for presidente, vai arrasar o país”, afirmou.

Pimenta destacou que a luta contra o regime capitalista, contra o sucateamento da saúde e contra o poder dos monopólios financeiros é uma questão de vida ou morte para o povo. E defendeu que o caso de Natália será transformado em arma para o esclarecimento e a mobilização: “nós vamos usar o caso dela para defender milhões de brasileiros que estão sofrendo”.

O presidente do PCO encerrou lembrando o envolvimento profundo de Natália com a causa palestina. Agradeceu a nota enviada pelo Dr. Bassem Naim, dirigente do Hamas, dirigida ao partido, e lembrou que, mesmo hospitalizada, debilitada e sem cabelo, a companheira se preocupava com Gaza: “ela me disse no hospital: ‘eu não aguento ver o que está acontecendo lá’”.

Pimenta comparou a morte de Natália aos mártires palestinos: “para nós, a Natália é como um desses mártires da luta do povo palestino”.

Encerrando sua fala, afirmou que a vida da dirigente continuará como parte integrante do programa do Partido: “ela saiu da vida para entrar na história. Ela agora é parte da luta geral do PCO”.

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