Em ato deste domingo (30), na Casa de Portugal, a coordenadora do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, Izadora Dias, lembrou a trajetória política, a dedicação organizativa e a força pessoal de Natália Pimenta, dirigente histórica do PCO falecida no último dia 22.
A homenagem realizada na Biblioteca da Casa de Portugal, em São Paulo, reuniu militantes, familiares e dirigentes do Partido da Causa Operária (PCO) para celebrar a vida e a trajetória revolucionária de Natália Braga Costa Pimenta.
Izadora iniciou sua fala reconhecendo que a perda não atinge apenas aqueles que conviviam de maneira mais próxima com Natália. “É uma dor para todos que conviveram pouco ou muito com ela”, afirmou, destacando que mesmo relações breves deixavam impressões duradouras pela postura militante, pelo cuidado e pela conduta que Natália expressava no cotidiano partidário.
Logo no início de sua intervenção, Izadora mencionou o texto escolhido pela Direção do PCO para a homenagem: o testamento de Leon Trótski, de 27 de fevereiro de 1940, lido momentos antes no ato. Segundo ela, o escrito expressa de forma extraordinária o espírito de firmeza revolucionária que caracterizava Natália, e que teria inspirado a própria dirigente. Ao citar trechos do documento do dirigente bolchevique, Izadora apontou a ligação entre o compromisso histórico do movimento operário e o tipo de militância defendido por Natália durante quase três décadas de atuação.
“Eu entrei no partido há mais ou menos sete anos. Logo depois, comecei a atuar junto com a Natália, na Secretaria de Organização. Praticamente tudo que aprendi ligado ao trabalho prático, aprendi com ela”, afirmou. Ela também destacou a paciência e a preocupação de Natália em transmitir orientações, qualidades que, segundo ela, tornavam o aprendizado seguro e sólido. “Foi um privilégio poder iniciar a minha militância revolucionária sob a orientação direta dela”.
Ao abordar as tarefas organizativas, relatou que Natália sempre focava “nas soluções dos problemas”, transmitindo a experiência acumulada desde muito jovem, quando já organizava o partido em condições muito mais difíceis do que as atuais. O trabalho cotidiano acabou por desenvolver também uma relação de forte amizade. Sem família em São Paulo, Izadora lembrou que Natália a acolheu “como uma irmã mais velha”, oferecendo apoio tanto na vida partidária quanto em momentos pessoais.
Izadora recordou também o gosto de Natália pela arte e pelo convívio coletivo: “ela gostava muito de reunir as pessoas, aproveitar os bons filmes que sempre indicava para que os amigos estivessem próximos”.
A militante descreveu ainda o período de cinco meses de internação da dirigente, enfatizando a força de Natália mesmo diante de um quadro de saúde extremamente difícil. Relatou que, apesar do sofrimento, era a própria Natália quem transmitia ânimo aos que a acompanhavam. “Ela me fazia ficar bem. Não tinha outra alternativa a não ser enfrentar com ela da melhor maneira possível”, disse.
Com a notícia do falecimento, Izadora expressou a dimensão pessoal da perda: “nunca perdi alguém próximo assim, alguém que eu amo tanto. A Natália é uma das pessoas que eu mais amo em minha vida”. Contou que, diante da dor, cogitou que permanecer triste seria uma forma de homenagem, mas concluiu que Natália certamente rejeitaria essa ideia. “O melhor jeito de honrar aqueles e aquilo que amamos é vivendo e sendo útil […] Por ela, e pelo partido, honrarei com trabalho, com determinação e, sim, com alegria”, disse.
Na parte final da intervenção, Izadora anunciou que o clube de leitura organizado por Natália, atividade mensal realizada há cerca de três anos, passará a se chamar Clube de Leitura Natália Pimenta. A mudança, explicou, expressa o apreço profundo da dirigente pelos livros, pela literatura e pelo convívio coletivo.
A intervenção foi encerrada com a apresentação de um vídeo preparado em memória da dirigente, com fotos das atividades do clube de leitura e do anúncio oficial do novo nome.





