O governo do Japão anunciou, no domingo passado (23), que instalará um sistema de mísseis superfície-ar de médio alcance na ilha de Yonaguni, a apenas 110 quilômetros da costa de Taiuã. A medida, anunciada após episódios de provocação aérea e militar da parte japonesa, foi denunciada pela China como uma escalada perigosa e deliberada de tensão na região, aprofundando o maior conflito diplomático entre os dois países em anos.
O ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, afirmou que os preparativos “avançam de forma constante”, enquanto visitava a base localizada no extremo sudoeste japonês, posição estratégica voltada para a costa chinesa. A decisão ocorre poucos dias após o Japão enviar caças de guerra para acompanhar um drone chinês em rota entre Taiuã e Yonaguni.
Em resposta, Pequim repudiou o que classificou como tentativa japonesa de aumentar o potencial bélico no entorno de Taiuã, território chinês ocupado pelo imperialismo. Para o Ministério das Relações Exteriores chinês, Tóquio avança em uma política militarista alinhada à ofensiva norte-americana no Pacífico.
“O envio de armas ofensivas às ilhas próximas a Taiuã é uma ação deliberada que alimenta tensões regionais e provoca confrontação militar. As declarações da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre a questão de Taiuã agravam ainda mais essa situação e devem acender o alerta máximo na Ásia e no mundo”, afirmou a porta-voz Mao Ning.
O conflito cresceu após a premiê Sanae Takaichi declarar que um ataque chinês a Taiuã configuraria “ameaça à sobrevivência do Japão”, justificando intervenção militar. A posição dá base legal para emprego externo das Forças de Autodefesa, algo inédito desde o pós-guerra, e representa um giro significativo na política militar japonesa.
Pequim exigiu retratação imediata. O governo japonês recusou. Desde então, a crise escalou em ritmo acelerado: advertências públicas, cancelamento de encontros multilaterais, restrições comerciais, suspensão de voos e tensões políticas envolvendo diplomatas e militares. Em diversos comunicados, autoridades chinesas destacaram que o Japão volta a atuar militarmente em zona sensível do território chinês.
Em novembro, o Ministério da Defesa chinês elevou o tom:
“Se Tóquio ousar cruzar a linha e intervir, pagará um preço doloroso. A questão de Taiuã é assunto interno da China”, afirmou o porta-voz Jiang Bin.
Paralelamente, Pequim adotou medidas que afetam comércio, turismo e intercâmbio cultural com o Japão. Distribuidoras chinesas suspenderam filmes japoneses e companhias aéreas passaram a oferecer reembolso de viagens. A importação de frutos do mar japoneses foi praticamente bloqueada, e negociações sobre carne bovina foram interrompidas.
Mesmo diante do repúdio chinês, o Japão decidiu intensificar exercícios militares e consolidar presença armada próxima à costa chinesa, seguindo alinhamento político-estratégico com Washington. O anúncio dos mísseis em Yonaguni marca novo patamar da ofensiva japonesa na região.





