No programa Análise Política da Semana transmitido neste sábado (29) pela Causa Operária TV (COTV), às 13h, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, discutiu o avanço das leis repressivas, o papel do identitarismo na política institucional, a ofensiva sionista, a marcha do imperialismo rumo à guerra e a crise política interna do governo Lula. O dirigente também dedicou parte significativa da análise ao caso da dirigente do PCO Natália Pimenta, falecida no último sábado (22).
Leis de terrorismo e ofensiva contra a liberdade de expressão
Logo no início da transmissão, o presidente do PCO abordou o endurecimento das legislações repressivas nos países imperialistas. Como exemplo, citou a prisão de um cidadão britânico acusado de possuir e distribuir músicas de extrema direita, enquadrado na legislação antiterrorista do Reino Unido.
Segundo o dirigente:
“O homem foi preso por possuir e distribuir música de extrema direita […] infringiam a lei de terrorismo. Porque nessa altura do campeonato todo mundo tem lei de terrorismo, logicamente.”
Pimenta explicou que essas legislações têm por objetivo perseguir opiniões e não combater atos violentos:
“Essa lei de terrorismo é uma lei de repressão da opinião política, exclusivamente. […] Cidadão joga uma bomba, é um crime.”
Ele alertou que tais instrumentos acabam voltando-se contra todos os setores políticos:
“A lei não é só para um lado da questão. […] Pode valer tanto para a direita como para a esquerda.”
A distinção entre ato e opinião foi central na argumentação:
“Organizar um grupo para agredir alguém é crime. Agora, falar coisas não é crime.”
Para o presidente do PCO, a criação de órgãos destinados a julgar opiniões serviria para estabelecer uma autoridade arbitrária:
“Se você dá a uma pessoa o poder de julgar uma opinião, ela vira uma espécie de STF da opinião. […] Não pode haver um tribunal que diga: essa opinião é válida.”
‘Consciência Negra’ e o identitarismo
A análise prosseguiu com comentários sobre o artigo da Folha de S.Paulo com o título Consciência negra não é opcional. O presidente do PCO classificou a ideia como autoritária e incompatível com a realidade material vivida pela população.
“Como assim? Como é que você pode ter obrigação de ter uma consciência determinada?”
Pimenta reiterou que o racismo é consequência das condições econômicas criadas pelo capitalismo:
“Não adianta chegar para um trabalhador e falar que ele é o rei do universo. Ele vai continuar catando lixo ganhando um salário de fome.”
Segundo o dirigente, políticas que pretendem “ensinar” uma consciência são mecanismos de controle da classe dominante:
“Essa política é profundamente autoritária. […] É a política da lavagem cerebral.”
Ele destacou que tais programas não poderiam ser considerados revolucionários, justamente porque são promovidos pelos setores que controlam o Estado e o aparato educacional:
“Quem controla o sistema de leis, o sistema de comunicação, o sistema educacional? […] Isso vai ser usado como mecanismo de manipulação.”
Como contraponto, afirmou:
“O único antídoto é organizar um movimento onde o negro seja parte da luta pela transformação social, pelo socialismo.”
Sionismo, antissemitismo e repressão internacional
Ao relacionar o identitarismo ao cenário internacional, o presidente do PCO afirmou que o sionismo tem sido blindado por leis supostamente antirracistas, que permitem perseguições a opositores da política de “Israel”.
“O sionismo é uma doutrina, não é um povo. […] Não se aplicaria o crime de ódio porque você não é obrigado a gostar da doutrina política do outro.”
Pimenta explicou que essa blindagem gera reação popular:
“Não é crescimento do antissemitismo. É a revolta contra uma política de manipulação.”
E apontou que os judeus comuns acabam sendo usados como escudo pelo Estado sionista:
“Os Benjamin Netaniahu vão tirar o corpo fora num determinado momento e vão botar o resto pra secar.”
No caso brasileiro, o presidente do PCO destacou a disparidade no tratamento dado a palestinos e agentes sionistas:
“Os palestinos […] não conseguem entrar no Brasil. E os terroristas do Estado de ‘Israel’? Nada.”
Imperialismo rumo à guerra
O dirigente dedicou parte da análise à conjuntura mundial, afirmando que os países imperialistas preparam uma guerra como saída para a crise do capitalismo.
“Essas políticas não são aleatórias. […] Para enfrentar a crise mortal do capitalismo, você precisa de uma guerra.”
Ele mencionou o documento militar alemão recentemente vazado:
“Até 2029 haveria uma guerra entre a Europa e a Rússia.”
E as declarações do governo japonês contra a China:
“O governo japonês fez praticamente uma declaração de guerra contra os chineses.”
Para o presidente do PCO, a escalada repressiva interna observada nos países europeus e norte-americanos faz parte desse processo:
“Guerra sem censura nunca existiu. […] A burguesia não quer abrir mão da ideia de que são países democráticos.”
Crise nacional e a ofensiva eleitoral para 2026
Na parte nacional, o dirigente analisou a comemoração realizada por setores da esquerda após a prisão de generais no caso do 8 de janeiro.
“Condenaram três generais. Um é caduco […] o Heleno está com Alzheimer. Condenaram o general com Alzheimer, que é uma grande derrota para o militarismo brasileiro.”
Pimenta lembrou que os responsáveis pelo golpe de 2016 são os mesmos que agora aparecem como defensores da “democracia”:
“As pessoas que estão supostamente combatendo o golpe organizaram o único golpe bem-sucedido depois da ditadura.”
Segundo o presidente do PCO, a perseguição a Bolsonaro tem como objetivo limpar o terreno para a candidatura preferencial da burguesia:
“O que eles vão fazer é eleger uma pessoa […] que vai ser o governo mais destrutivo que o país já teve.”
O caso Natália Pimenta e a ‘indústria da morte’
A parte final do programa foi dedicada ao caso da dirigente do PCO Natália Pimenta, cujo falecimento resultou de uma sequência de negativas burocráticas para acesso a um medicamento essencial.
“A morte da Natália não foi natural. Foi um crime. […] Se você nega o respirador, você está assassinando a pessoa.”
Pimenta relatou entraves judiciais e administrativos que duraram 50 dias:
“Foi um romance kafkiano. A juíza Anita Vilani começou com uma política de protelação intencional.”
Ele afirmou que o Ministério da Saúde será responsabilizado:
“Vamos responsabilizar o Ministério da Saúde e o Padilha.”
O presidente do PCO levantou ainda a possibilidade de um mecanismo deliberado de negação de tratamentos caros:
“Há um lobby dentro do próprio Ministério. O negócio é: antes morrer do que gastar dinheiro.”
Citou o caso norte-americano de Luigi Mangione para ilustrar a revolta crescente contra os planos de saúde e criticou a eutanásia:
“Morte digna é um engana-trouxa. […] Somos 99% contra a eutanásia.”
O presidente do PCO encerrou convocando para o ato em memória de Natália Pimenta:
“Nós vamos mostrar que existe uma verdadeira indústria da morte. […] Se não denunciarmos isso, não temos credibilidade para defender ninguém.”





