Neste domingo (30), às 11h, na Casa de Portugal, no centro de São Paulo, o Partido da Causa Operária (PCO) realiza o ato em memória de Natália Braga Costa Pimenta, dirigente histórica da organização que faleceu no dia 22 de novembro. A homenagem marcará o reencontro de companheiros, familiares e militantes para recordar a trajetória de quase três décadas de dedicação revolucionária e denunciar a política neoliberal que foi responsável por sua morte.

Nascida em 1985, Natália iniciou sua militância aos 12 anos. Participou da primeira edição da Universidade de Férias, atividade que se tornaria a principal formação marxista da esquerda brasileira. Desde então, participou de todas as etapas da construção do Partido e se tornou uma das figuras centrais de sua organização interna, destacando-se não apenas na formação política, mas também na elaboração teórica e na direção cotidiana do PCO.
Sua atuação foi decisiva na criação do Diário Causa Operária, quando, ainda adolescente, liderou o grupo que assumiu a tarefa de construir um jornal diário online em um momento em que nenhum partido de esquerda possuía iniciativa semelhante. A consolidação do DCO como o único jornal diário da esquerda no País foi, nesse sentido, resultado direto de sua intervenção. Como destacou a nota oficial do PCO: “é possível dizer, sem nenhum exagero, que ela é a grande responsável pela nova geração de militantes de nosso Partido”.
Natália teve papel central na formação da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), construída em meio ao auge da ofensiva neoliberal internacional. A iniciativa reergueu o movimento de juventude partidário em um período de refluxo e isolamento, transformando-se no núcleo formador de quadros que hoje compõem a maioria da militância. O Partido também ressaltou sua capacidade teórica incomum, descrevendo-a como uma grande polemista e dirigente capaz de enfrentar debates complexos em defesa de uma política revolucionária.
Sua militância internacionalista se expressou com grande força na defesa do povo palestino. Eleita vice-presidenta do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Natália participou ativamente das campanhas de solidariedade e denunciou as perseguições promovidas pelo regime de “Israel”. Sua relevância era tamanha que chegou a ser incluída em um inquérito persecutório contra ativistas pró-Palestina mesmo enquanto se encontrava hospitalizada para tratamento, expressão de sua importância para o movimento em defesa da Palestina.
Os últimos meses de vida de Natália foram marcados pela luta contra três tipos de câncer. Para tratar uma rara leucemia, necessitava do medicamento Revumenib, produzido por uma empresa norte-americana. A obrigação do Estado brasileiro de fornecer o remédio foi repetidamente negada pela juíza Anita Vilani, que colocou supostos “limites orçamentários” acima da vida de uma trabalhadora. “Natália morreu porque uma juíza vagabunda qualquer decidiu que ela teria que morrer”, escreveu um usuário nas redes sociais, expressando a indignação de milhares diante do caso.
A mobilização em torno do fornecimento do medicamento reuniu assinaturas, manifestações públicas e declarações de companheiros e até adversários políticos, que denunciaram a burocracia estatal responsável pela morte da dirigente. Mesmo após decisão judicial favorável, o Ministério da Saúde não realizou a compra do remédio. Natália faleceu sem que o tratamento fosse sequer iniciado.
O ato deste domingo será um momento de denúncia dessa política que mata todos os dias e de celebração do legado deixado por Natália, cuja vida esteve integralmente voltada à luta pelos trabalhadores, pela juventude e pelos povos oprimidos. Sua trajetória está presente na organização que ajudou a construir, nos companheiros que formou e na defesa intransigente da revolução.
Natália Pimenta, presente!





