A prisão de Bolsonaro não tem nada a ver com a defesa da “democracia”, com “golpe de Estado”, ou com qualquer outra coisa do tipo. O problema não é esse. O problema são as eleições de 2026. O motivo pelo qual o cerco ao bolsonarismo continua é óbvio: os capitalistas ainda não chegaram a um acordo com ele.
O grande capital precisa fazer com que Bolsonaro concorde em apoiar um candidato do imperialismo no Brasil, um candidato dos banqueiros, da rede Globo. Esse candidato já foi apresentado, é Tarcísio de Freitas (Republicanos). O problema é que Bolsonaro não quer ceder. Sua prisão é parte de um jogo de pressões que tem isso como objetivo.
A condenação dos militares também não representa qualquer avanço democrático. Três generais foram condenados. Um está com mal de Alzheimer. Essas condenações não impedirão um golpe no Brasil. Seria uma grande ingenuidade pensar isso.
Enquanto a esquerda pequeno-burguesa comemora a prisão de Bolsonaro, os Clubes Naval, Militar e da Aeronáutica, cujos sócios são oficiais da reserva, publicaram um comunicado conjunto questionando a prisão de oficiais de alta patente das Forças Armadas. A Comissão Interclubes Militares intitulou a nota de “injustas prisões” e ainda afirma que o Judiciário ignorou o passado dos condenados.
O processo contra Bolsonaro é notoriamente fajuto. Isso, por sua vez, é diferente do caso de Lula. Um processo fajuto contra Lula leva a sua base, composta por trabalhadores, a protestar. Já um processo contra Bolsonaro coloca militares, ainda que de baixa patente, em movimento.
A perseguição a Bolsonaro irá gerar uma situação extremamente negativa dentro das Forças Armadas. Irá empurrar os militares para a extrema direita.




