Neste domingo (30), a partir das 11h, o Partido da Causa Operária (PCO) realiza o aguardado ato em memória de Natália Braga Costa Pimenta, destacada dirigente da organização que faleceu no sábado passado (22). A homenagem ocorrerá na Biblioteca da Casa de Portugal, localizada no Bairro da Liberdade, no centro da cidade de São Paulo.
Nascida em 1985, ano que marcou o fim da ditadura militar, Natália dedicou 28 anos de sua vida à construção do partido revolucionário no Brasil. Com apenas 12 anos de idade, Natália participou da primeira edição da Universidade de Férias, que posteriormente se tornaria a mais tradicional atividade de formação política da esquerda brasileira. Professora e monitora em várias edições futuras, Natália acabaria se destacando como um dos mais importantes quadros teóricos do PCO.
A história recente do PCO — fundado em 1979 — e de Natália Pimenta se confundem. Ela esteve à frente de várias das mais importantes realizações do Partido, como a fundação do Diário Causa Operária (DCO). Ainda adolescente, Natália reuniu um grupo de jovens que levou adiante a desafiadora tarefa de criar um jornal online quando nenhum outro partido o havia feito. Hoje, o DCO se consolidou como o único jornal diário da esquerda no Brasil.
Polemista feroz e brilhante organizadora, Natália também se destacava por suas qualidades humanas. Todos que a conheceram a descrevem como uma pessoa gentil e bondosa, querida em todos os lugares por onde passou.
Os últimos meses de vida de Natália foram marcados por uma batalha duríssima contra três tipos de câncer e contra a monstruosidade da política neoliberal. Após realizar tratamento para câncer de mama e retirar um câncer no cérebro, a jovem dirigente contraiu uma leucemia rara. Para tratar esta leucemia, Natália necessitava de um remédio vital: o Revumenib, fabricado exclusivamente por uma empresa norte-americana.
Diante da falta de alternativas no sistema farmacêutico brasileiro, o Estado tinha a obrigação de adquirir o medicamento para tratar Natália. Isso, no entanto, que deveria ser concedido imediatamente, não aconteceu.
Como se não fosse suficiente todo o sofrimento causado pela doença, os familiares e companheiros de Natália Pimenta entraram na Justiça para que o remédio fosse concedido. A juíza Anita Vilani, em mais de uma oportunidade, negou este direito elementar à dirigente, alegando que o equilíbrio das contas públicas seria mais importante que a vida de uma pessoa. Esta mesma juíza, conforme apurado por integrantes do PCO, negou pedidos semelhantes feitos por pessoas sob risco de morte, revelando a existência de um grupo dentro do Poder Judiciário que atua para proteger os interesses dos grandes brancos, responsáveis por abocanhar o dinheiro que não é investido na saúde da população.
A denúncia sobre a recusa do Estado em fornecer o remédio causou uma grande comoção. Pessoas de diferentes espectros políticos se manifestaram em favor de Natália, divulgando um abaixo-assinado em favor do tratamento da dirigente. Após semanas, enfim a dirigente recebeu uma medida judicial favorável.
O que deveria ser cumprido imediatamente, no entanto, esbarrou na floresta burocrática do Estado brasileiro. Passado mais de uma semana após a decisão judicial para a compra do remédio, o Ministério da Saúde não executou o pedido. Natália acabou falecendo sem que nem o medicamento fosse comprado.
O ato deste domingo (30) será um momento de denúncia da crueldade da política neoliberal, que assassinou Natália e vem assassinando milhares de brasileiros, e de homenagem à dirigente que deixou um legado único para a luta dos trabalhadores.
Natália Pimenta, presente!






