África

Golpe contra o imperialismo na Guiné-Bissau

Ação ocorreu apenas três dias após as eleições presidenciais, cujos resultados estavam prestes a ser divulgados

Nesta quarta-feira (26), um grupo de oficiais do Exército depôs o presidente eleito da Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embalo, e assumiu o controle do país. A ação ocorreu apenas três dias após as eleições presidenciais, cujos resultados estavam prestes a ser divulgados, e foi justificada pelos militares como uma intervenção necessária para evitar a “manipulação eleitoral” e um suposto plano de desestabilização envolvendo “narcotraficantes” e políticos nacionais. O golpe resultou na suspensão de todas as instituições do país, no fechamento temporário das fronteiras e na prisão do presidente e de figuras-chave da oposição, mergulhando o país, que já é cronicamente instável, numa nova crise política.

A tensão política em Guiné-Bissau atingiu seu auge imediatamente após as eleições presidenciais de domingo (23). O pleito colocou o presidente incumbente, Umaro Sissoco Embalo, que buscava um raro segundo mandato consecutivo, contra seu principal adversário, Fernando Dias da Costa, apoiado pela coligação do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). A disputa foi intensa, e em um movimento incomum, ambos os candidatos declararam vitória antes que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) pudesse anunciar os resultados provisórios oficiais.

Na quarta-feira (26), a capital Bissau foi abalada por intensos tiroteios que se concentraram em torno de pontos estratégicos de poder, incluindo o palácio presidencial, o quartel-general do Exército e a sede da Comissão Eleitoral. Em meio ao caos e à fuga de civis, um grupo de oficiais militares uniformizados apareceu na televisão estatal. Eles anunciaram que haviam deposto o presidente Embalo e dissolvido as instituições governamentais sob a égide do recém-formado Alto Comando Militar para a Restauração da Ordem.

O porta-voz do Alto Comando, Dinis N’Tchama, justificou a intervenção, alegando que o objetivo era impedir um plano de desestabilização nacional e a manipulação dos resultados eleitorais. Eles afirmaram ter descoberto um conluio entre “certos políticos nacionais”, um “conhecido narcotraficante” e atores estrangeiros. A primeira ordem do dia do novo comando militar foi a suspensão imediata do processo eleitoral, o fechamento das fronteiras do país e a imposição de um toque de recolher noturno.

Quase que simultaneamente ao anúncio, o presidente deposto Umaro Sissoco Embalo confirmou, em conversas com a imprensa internacional, que havia sido preso em seu gabinete, juntamente com o seu chefe do Estado-Maior do Exército e o Ministro do Interior. O candidato da oposição, Fernando Dias da Costa, e o ex-primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, que o apoiava, também foram detidos pelos militares.

No dia seguinte ao golpe, 27 de novembro, o Alto Comando Militar começou a delinear o seu plano para o país, reabrindo as fronteiras e nomeando o General Horta Nta Na Man, um militar com histórico na estrutura do Exército, como o líder de um governo de transição de um ano. Esta nomeação formalizou a tomada do poder e indicou a intenção dos militares de governar por um período determinado.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Africana (UA) emitiram declarações conjuntas expressando profunda preocupação e classificando o golpe como um “atentado flagrante” ao processo democrático. A CEDEAO, em particular, suspendeu a adesão de Guiné-Bissau ao bloco regional e exigiu a restauração imediata da ordem constitucional e a libertação dos presos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se manifestou contra o golpe.

Durante o programa Análise Internacional, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, destacou que a “situação na Guiné-Bissau joga gasolina na fogueira” da crise da dominação imperialista na África.

“Se o imperialismo não agir com uma certa rapidez, vai perder o controle da situação mundial. O pessoal está se rebelando em massa. Já são vários países que tiveram golpe de estado nacionalista. Os inimigos do imperialismo, China, Rússia, Irã, Venezuela, todos estão dando uma força para esse pessoal por debaixo do pano.”

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