O programa Análise Internacional desta quinta-feira (27), transmitido pelo Diário Causa Operária, contou com a presença especial de Afonso Teixeira, além da presença cativa de Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), e do Comandante Robinson Farinazzo, editor do canal Arte da Guerra.
O debate começou com a análise do plano de 28 pontos proposto pelos Estados Unidos para um acordo de paz na Ucrânia, que gerou forte reação negativa na Europa, sendo considerado um “acordo Putin”.
Para o Comandante Robson, “essa guerra será decidida no campo de batalha”. Ele argumentou que a Rússia não irá recuar, buscando uma modificação na situação que a levou ao conflito. O Comandante traçou um paralelo com o final da Guerra do Vietnã, sugerindo que o plano pode ser uma ficção para justificar o abandono norte-americano, deixando a Ucrânia à mercê de um exército que estaria próximo ao colapso. Ele concluiu que, se isso ocorrer, as forças russas podem avançar até o Rio Dnieper.
O Comandante afirmou que o provável é que o presidente Trump lave as mãos, vendo o conflito como uma guerra de seu antecessor, Joe Biden.
Afonso Teixeira notou o caráter inusitado da proposta: “o plano de paz parece ser uma combinação entre Estados Unidos e Rússia, deixando a Ucrânia de fora”. Ele alertou para a situação financeira da Ucrânia e a dificuldade europeia de suprir as armas sem o apoio dos EUA, além de citar escândalos de corrupção e o risco de a União Europeia usar os ativos russos congelados, o que geraria uma crise de confiança nos investimentos europeus.
Rui Pimenta discordou da tese do esgotamento dos recursos: “o imperialismo vai sustentar a guerra, porque eles estão pensando em um enfrentamento de longo prazo.” Ele classificou a intenção de Trump de separar Rússia e China como “infantil”, pois a aliança russa-chinesa é uma questão existencial face à ameaça da OTAN. O dirigente foi categórico ao afirmar que o mundo caminha para uma guerra generalizada, impulsionada pela crise capitalista terminal. Para ele, a ordem de ataque do imperialismo seria provavelmente: Venezuela, Cuba, Nicarágua; depois Irã; depois Rússia; depois China.
O debate se voltou para a América Latina, onde a Rússia tem intensificado sua influência com acordos de cooperação estratégica com Cuba e Venezuela, em contraste com a política agressiva dos EUA.
O Comandante Robson minimizou o risco de a Venezuela se tornar uma “Ucrânia da Rússia” na região, citando a fragilidade logística do país sul-americano e a incapacidade russa de suprir essa demanda devido ao conflito na Ucrânia. Afonso Teixeira concordou sobre os problemas logísticos e os equipamentos obsoletos da Venezuela. Ele, contudo, considerou uma invasão por terra improvável devido ao risco de os EUA entrarem em um “atoleiro” com as milícias armadas, o que seria danoso à opinião pública americana. Afonso alertou que a preparação para a guerra é evidente, citando a militarização do Japão e da Alemanha. Para ele, a única esperança contra a guerra é a ação popular e a mobilização do proletariado.
Rui Pimenta classificou a situação venezuelana como “imprevisível”, mas alertou que a dificuldade de uma invasão não a exclui, especialmente em um cenário de “jogo de vida ou morte” para o imperialismo. Ele sustentou que a prioridade do imperialismo é “botar a casa em ordem” em sua área de influência direta, a América Latina, e que a guerra é também um “recurso contra a rebelião popular”.
A análise se voltou para a África, com o recente golpe militar na Guiné-Bissau.
Rui Pimenta interpretou o evento como mais um sinal de que o imperialismo está “perdendo o controle da situação mundial”, com a África e o Oriente Médio se rebelando em massa através de golpes de Estado nacionalistas. Ele afirmou que China e Rússia estão dando apoio a esses movimentos, o que representa uma “péssima notícia para o imperialismo.”
O Comandante Robson alertou que a Europa terá dificuldade em intervir na África e que o exemplo desses países nacionalistas acabará “contaminando” outros.
Afonso Teixeira explicou que essas ex-colônias francesas do Sael se revoltaram contra um sistema de exploração colonial continuada, onde a França retinha divisas e controlava a impressão de dinheiro, uma situação que impedia a verdadeira independência. A Nigéria, país-chave, foi citada como um ponto de ebulição, onde uma rebelião poderia “derrubar tudo”.
Discutindo o impasse no Oriente Médio, Rui Pimenta defendeu a estratégia da resistência palestina de preservar o cessar-fogo o máximo possível, pois o tempo opera em seu favor, ao contrário de “Israel”, que está em uma posição difícil. Ele classificou o cessar-fogo como uma “vitória parcial do Hamas”.
O Comandante Robson reiterou que o futuro de Israel é “sombrio” e que a percepção iraniana é de que a posição israelense é transitória, com o Hesbolá buscando se reconstituir militarmente.





