O programa Análise da 3ª, apresentado pelo presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, nesta terça-feira (25), abriu com uma homenagem à dirigente do PCO Natália Pimenta, falecida no sábado (22). A lembrança deu lugar a uma denúncia política sobre as circunstâncias de sua morte, tratadas por Pimenta como resultado direto do abandono estatal e de decisões judiciais que impediram o acesso ao tratamento necessário.
Rui relatou a batalha travada para obter o medicamento Revumenib, bloqueado por entraves burocráticos e por decisões como a da juíza Anita Villani. Para ele, não se trata de um simples caso médico:
“A morte da Natália não foi uma morte por problemas meramente de saúde… A morte dela tem um grande componente, que é um componente político. […] Não foi uma morte: foi um verdadeiro assassinato.”
Ele afirmou que o Judiciário age em defesa dos interesses financeiros:
“A juíza se revelou uma defensora da ‘coletividade dos banqueiros’, da coletividade financeira, contra a coletividade de milhões de brasileiros.”
Segundo Rui, atrasos deliberados ou não em procedimentos essenciais representam um atentado direto à vida:
“Se as pessoas demorarem dois meses para entregar o aparelho… por incompetência ou por determinação, isso é um homicídio.”
Para o dirigente, a saúde pública expressa de forma aguda o antagonismo social no país:
“Enquanto tem gente preocupada com o pronome neutro, tem milhões de pessoas preocupadas em sobreviver simplesmente.”
O dirigente criticou o avanço das negociações do acordo Mercosul-União Europeia, que classificou como uma política de subordinação às potências imperialistas:
“É um acordo de tipo colonial. A ‘República Bananeira’ vende banana e os poderosos aí do norte vendem produtos manufaturados. A continuar com isso, o Brasil vai ficar sem indústria.”
Segundo ele, o governo Lula tornou-se refém do grande capital devido à ausência de mobilização popular:
“A política Lula é uma política muito pró-imperialista. Todo mundo está vendo isso. É o resultado da sua fraqueza.”
Ele afirmou ainda que a expectativa de melhora em 2026 é ilusória:
“Quem acha que a solução está em 2026 está redondamente enganado. Em 2026, se o Lula ganhar, a situação vai ser pior do que agora.”
Sobre os Correios, Pimenta avaliou que demissões e fechamento de agências atendem a interesses externos:
“Isso daí é uma imposição das empresas internacionais de transporte de encomendas.”
Uma parte significativa do programa foi dedicada à situação de Jair Bolsonaro (PL), preso após o episódio envolvendo a tornozeleira eletrônica e a convocação de uma vigília por seu filho. Para o dirigente, trata-se da expressão de um impasse político entre o ex-presidente e o regime, representado pelo STF e pelo grande capital.
Pimenta afirmou que a prisão rápida indica o fracasso das negociações de bastidores. Bolsonaro não aceitou retirar-se da cena política nem transferir sua influência:
“Isso indica que não conseguiram chegar a um acordo ainda com o Bolsonaro. […] Se fosse uma tentativa do Bolsonaro de escapar, teria tido alguma tentativa de escapar. Não aconteceu nada.”
Segundo o presidente do PCO, o ponto central do conflito é o capital político de Bolsonaro, que o ex-presidente se recusa a entregar a terceiros, como Tarcísio de Freitas. Ele comparou a situação a casos latino-americanos em que líderes foram abandonados por seus sucessores:
“Não ofereceram a ele nenhum acordo decente. Se ele entregar o apoio, por exemplo, a uma pessoa como Tarcísio de Freitas, ele corre o risco de perder a liderança política dele.”
Pimenta comparou a reação dos dois campos durante as respectivas prisões. Para ele, o regime trata o bolsonarismo com mais dureza porque o desfecho da disputa está aberto e a base bolsonarista é mais combativa:
“O bolsonarismo reage mais do que os petistas… é um movimento novo, jovem, o pessoal é aguerrido e tem muitas contradições.”
“No caso do Lula, a burguesia tinha consciência de que o Lula ia manter sob controle as suas bases. A CUT está paralisada há muito tempo. […] O bolsonarismo não, o bolsonarismo é imprevisível.”
Rui Pimenta rejeitou a tese de que Donald Trump teria abandonado Bolsonaro. Para ele, o ex-presidente norte-americano segue pressionando em favor do aliado, ainda que use o tema para negociar com Lula:
“Não acho que o Trump conseguiu uma parte dos objetivos… mas eu acho que ele vai continuar pressionando em favor do Bolsonaro. Não acho que acabou não.”
O dirigente criticou duramente setores da esquerda que depositam confiança no STF e em Alexandre de Moraes como instrumentos para combater a extrema direita:
“Eu não sou um entusiasta da luta prisional contra o bolsonarismo. […] Não acho que o juiz capitalista vai derrotar o fascismo. Acho que isso daí é meio que um conto de fadas inventado pela esquerda pequeno-burguesa brasileira.”
Pimenta analisou também a guerra na Ucrânia, afirmando que a Rússia mantém vantagem militar e política:
“Eu diria que eles estão vencendo. Nunca estiveram perdendo na realidade.”
Ele avaliou que uma derrota do regime de Zelensqui seria um golpe para europeus e norte-americanos.
Sobre Donald Trump, afirmou que o ex-presidente enfrenta choques internos com setores tradicionais do imperialismo: “Trump está na mesma situação que o Lula”.
Rui destacou ainda que o imperialismo não se opõe à extrema direita:
“O imperialismo aceita com toda a felicidade do mundo a extrema direita. […] Não há ‘democracia versus fascismo’.”





