Em documento recente, a Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante (PRAPE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) comunicou que o Restaurante Universitário (RU) estará fechado entre os dias 17 de dezembro e 30 de janeiro — uma medida que já vinha sendo adotada em outros momentos de recesso. Para os residentes e estudantes contemplados com subsídio integral, será pago, extraordinariamente, um benefício em pecúnia.
A novidade é que, desta vez, a Pró-Reitoria inventou duas medidas para restringir o alcance do benefício. Em primeiro lugar, estabelece que o valor a ser recebido será baseado nos registros de acesso dos primeiros dias do semestre letivo. Ou seja, se o estudante não almoçou no RU durante 10 dos primeiros 20 dias, ele receberá menos que aquele que se alimentou todos dias.
É um critério absurdo. O que a frequência de um estudante em um mês tem a ver com o direito dele de receber o benefício meses depois? E se ele no primeiro momento precisou se ausentar da universidade por motivo de força maior? E se no primeiro momento ele gozava de uma situação financeira mais favorável que no final do semestre?
Não há motivo razoável para estabelecer este critério. Isso só torna ainda mais claro qual é a política que a PRAPE segue no que diz respeito à assistência estudantil: uma política de cortes sociais. A PRAPE, em vez de possibilitar a permanência dos estudantes, é um braço da política neoliberal dentro da UFPB.
Outras medidas neoliberais vêm sendo tomadas pela Pró-Reitoria. A PRAPE ameaçou suspender os auxílios dos residentes que se recusassem a ter seus quartos vistoriados.
A PRAPE dirá que tais medidas são em defesa da “responsabilidade”, da “transparência”, da “ética”. Conversa mole. Deixar o estudante com fome é uma irresponsabilidade. É antiético. E, acima de tudo, serve a propósitos obscuros: economizar dinheiro para que o Estado brasileiro gaste menos com a educação pública e, assim, possa dar mais dinheiro aos bancos.
As medidas da PRAPE são ataques contra os estudantes. O ritmo crescente dos ataques não vêm por acaso. Ele coincide com uma série de outros ataques que os banqueiros estão operando a nível nacional: pente-fino no Bolsa Família, sucateamento de empresas estatais, redução do alcance do Benefício de Prestação Continuada (BPC) etc.
A quantidade de ataques incessantes configura uma verdadeira guerra contra os residentes. Apenas a mobilização poderá por fim a ela.




