Polêmica

A Folha de S.Paulo e a defesa do ‘direito’ de ser genocida

Folha de São Paulo tenta defender sionista, chama os manifestantes de intolerantes por não quererem debater com quem defende o Estado genocida e racista de “Israel”

André Lajst

O artigo Grito não é argumento, de Lygia Maria, publicado na Folha de São Paulo neste domingo (23) para defender o ex-soldado israelense nascido no Brasil, André Lajst, é uma falácia, uma peça de falsificação que subestima a inteligência das pessoas.

Essa senhora inicia seu texto dizendo que “Num ensaio sobre Voltaire de 1958, o matemático e filósofo Bertrand Russell escreveu: ‘Nenhuma opinião deve ser defendida com fervor. Ninguém mantém fervorosamente que 7 x 8 = 56, pois se pode mostrar que esse é o caso. O fervor apenas se faz necessário quando se trata de sustentar uma opinião que é duvidosa ou demonstravelmente falsa’”. Certo, e o fato de Bertrand Russell ter dito isso significa que seja verdade? Não.

A articulista apela às ideias de uma autoridade para fazer valer as suas. De qualquer modo, 7×8 não é simplesmente uma opinião, e não se deve comparar uma expressão matemática com temas políticos, pois os métodos de demonstração não são os mesmos. E o fervor se fará necessário quando alguém que defende uma ideia julgar necessário, ou quando uma situação assim o exigir.

Em seguida, Lygia Maria protesta dizendo “como foram fervorosos os alunos da faculdade de direito da USP, ao tentarem impedir a fala de André Lajst durante evento na instituição de ensino paulista”. Sendo assim, se ainda se quiser validar o que disse Russell, os alunos foram fervorosos porque combatiam opiniões demonstravelmente falsas: as do sionista em questão.

Mais falsificações

Adiante, a jornalista escreve que “aos gritos, manifestantes pró-Palestina chamaram o presidente da ONG Stand With Us Brasil, que apoia a existência do estado de Israel, de racista e genocida. O diretor da faculdade, Celso Campilongo, precisou pedir reiteradamente que os estudantes ao menos deixassem o palestrante falar —Lajst e a ONG que preside atuam no combate ao antissemitismo e apoiam a convivência pacífica entre judeus e palestinos”. – grifo nosso.

Como se viu, Lygia Maria apresenta Lajst como um mero “apoiador” da existência de “Israel”. Enquanto os estudantes são apresentados como intolerantes. André Lajst, ao contrário do que a jornalista tenta nos convencer, não é dado ao diálogo. Ao ser criticado, o lobista da Stand with US processou o Partido da Causa Operária, e dois de seus militantes, exigindo indenização de R$ 18 mil.

“Israel” é um Estado genocida, racista, e que instaurou na região um regime de apartheid, chamar de racista e genocida alguém que defenda esse Estado é uma opinião política acertada.

Como escrevemos em março deste ano (leia na íntegra), esse senhor defendeu a carbonização de palestinos em Khan Iunis. Em sua conta no X, defendeu uma das maiores monstruosidades já testemunhadas pela humanidade: o bombardeio israelense que resultou na morte mais de 400 palestinos em apenas 24 horas.

Segundo Lajst, “o cessar-fogo entre Israel e Hamas chegou ao fim após a recusa do grupo em aceitar novas propostas de trégua”. Ora, mas o próprio propagandista sionista revela o “motivo” da quebra do cessar-fogo. O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) se recusou a aceitar novas propostas. E por que deveria aceitar? Se já foi feito um acordo no qual “Israel” se comprometeu a cessar as hostilidades, por que deveria haver novas condições?

Falsa democracia

Segundo a articulista, “essa atitude autoritária apaixonada que cala diferenças tem se tornado cada vez mais comum na última década em universidades —lugar do debate livre e racional—, não apenas do Brasil”.

É preciso lembrar a essa jornalista que as pessoas não são obrigadas a ficarem impassíveis diante de quem defende um Estado que está trucidando mulheres e crianças na Faixa de Gaza. Tudo isso, claro, para roubar suas terras.

No Brasil, a Polícia Federal, a mando do Mossad, tem impedido a entrada de palestinos, enquanto soldados israelenses podem transitar livremente e até fazer turismo, ou mesmo dar palestras.

Nos países imperialistas, os quais a Folha defende, a repressão contra quem defende a Palestina é brutal. Pessoas são espancadas e pressas pela polícia nos Estados Unidos e na Europa.

Novamente, a culpa é da internet

André Lajst é conhecido por suas mentiras e por sua defesa do Estado genocida israelense. É falso, portanto, dizer que “essa atitude autoritária apaixonada que cala diferenças tem se tornado cada vez mais comum na última década em universidades —lugar do debate livre e racional—, não apenas do Brasil”. E que “o fenômeno está relacionado às bolhas informacionais: ambientes gerados pelas redes sociais em que usuários ficam expostos principalmente a opiniões com as quais concordam”.

A jornalista tenta reduzir a manifestação das pessoas contra o genocídio a uma “polarização afetiva”. Para Lygia Maria, “ideias divergentes não são vistas só como erradas, mas como ameaça, e manifestações agressivas contra oponentes são recompensadas com likes e visibilidade. Identidades do interlocutor (como sexo e raça) ou determinada linha teórica viram automaticamente marcadores morais de bem e mal”.

Não se trata apenas de “ideias divergentes”, uma discussão para se decidir se é melhor adoçar o café com açúcar, adoçante, ou o melhor mesmo é tomar café amargo. É uma divergência política. Existe um Estado matando civis em escala industrial no Oriente Médio, e quem o defende deve ser confrontado.

Lygia Maria afirma que “jovens chegam às universidade socializados digitalmente em bolhas, acostumados a cancelar quem discorda e legitimados a silenciar oposições”. Isso é obra do identitarismo, ideologia liberal que a Folha defende. Mesmo assim, essas pessoas ultrapassaram o mero “cancelamento” e foram peitar o sionista.

No penúltimo parágrafo, a jornalista alega que “o fervor que censura priva os alunos de exercitar raciocínio lógico e retórica baseada em evidências, ferramentas cruciais não só no debate acadêmico como na vida profissional”. É justamente o contrário. Esses alunos já raciocinaram, se basearam em evidências, e decidiram que não vão tolerar defensores de um Estado genocida e racista.

Para a jornalista, “gritos não são argumentos”, mas são, sim. São uma manifestação política, um protesto, são as pessoas indignadas contra a barbárie se expressando. Nada mais lógico.

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