Polêmica

Esquerda ‘verde’ é apenas um puxadinho do imperialismo

MRT adaptou a política do “Fora Todos” do PSTU para o ambientalismo. No final das contas, isso não passa da política imperialista para os países atrasados

Apocalipse climático

O MRT, Movimento Revolucionário de Trabalhadores, está se transformando em uma espécie de PSTU verde. O artigo Contra Trump, o negacionismo e a farsa do capitalismo verde, por um programa socialista e dos trabalhadores para enfrentar a crise ambiental, publicado em 9 de novembro, é uma espécie de “fora todos ambiental”.

Atirar para todos os lados, a política do “Fora todos”, como fez o PSTU em 2016, só pode ter um resultado: a capitulação diante do imperialismo. Enquanto pregavam que eram contra todos, esse partido saiu das ruas depois que Dilma Rousseff sofreu o golpe.

Por mais que o MRT esperneie, a política de não explorar o petróleo, terras raras, ou a navegação na Amazônia é uma diretriz do imperialismo, que quer se deixe a região intacta para ser explorada no momento propício.

O artigo principia dizendo que “na sua declaração à Assembleia Geral da ONU, o presidente Lula afirmou que está seria a COP da verdade, em que os ‘líderes mundiais’ devem mostrar seu compromisso com o planeta. A realidade é que não passaram de palavras, enquanto o próprio Lula defendeu a exploração na Bacia da Foz do Amazonas e a exploração em geral de combustíveis fósseis: ‘Não quero ser líder ambiental, nunca reivindiquei isso’”. A verdade que realmente traz essa COP é a da subordinação das metas climáticas aos cálculos geopolíticos e à corrida armamentista entre as grandes potências”. Na verdade, as “metas climáticas” é que são um instrumento de subordinação que o imperialismo impõe aos países atrasados.

Em seu texto, o MRT repete a “previsão” da ONU “de que a marca de aquecimento de 1,5 graus será ultrapassada inevitável e sustentadamente em algum ponto dos próximos anos e ganhará mais força diferentes formas de nacionalismo climático”. Acreditar na ONU, repetir sua propaganda, é definitivamente mau sinal.

Já se prometeu que a Terra resfriaria. Depois, disseram que aqueceria, que as cidades costeiras seriam inundadas. Como nada disso aconteceu, trocaram o nome para “mudanças climáticas”, assim não importa o que acontecer, a “previsão” estará correta. Afinal, o clima é uma coisa que está sempre mudando, conforme comprovam escavações geológicas.

Atirando a esmo

O MRT critica Trump, mas elogia os Acordos de Paris. Critica “Israel” não apenas pelo genocídio em Gaza, mas porque “também é um destruidor do meio ambiente”; e aproveita para criticar a China, pois esta “segue e seguirá sendo uma das maiores fontes de devastação ambiental”.

Adiante, o texto diz que “como parte da Otan, o imperialismo europeu se gaba de ter matrizes energéticas mais verdes. Para além do discurso de modelos de produção ‘verdes’, os países imperialistas da União Europeia e a Otan não podem esconder que contém os modelos de consumo mais insustentáveis, enquanto jogam o resto do mundo na miséria, fruto do capitalismo que explora as riquezas dos países da periferia capitalista, impondo grandes projetos extrativistas, totalmente anti ambientais, em nome de uma ‘suposta tecnologia verde’”.

Aqui é preciso dizer que essas matrizes energéticas verdes são insuficientes. Além de não serem de fato verdes. A Alemanha tem investido em energia solar e eólica, mas isso está longe de suprir as necessidades do país.

O próprio MRT, que se diz verde, cai em contradição e critica a energia eólica. Diz que “no nordeste brasileiro há um crescente movimento de agricultores e populações rurais impactadas por energia eólica que está destruindo seu meio ambiente, acelerando a desertificação da Caatinga impactando as plantações e as vidas das comunidades rurais e indígenas”.

A explicação que o texto tenta dar é equivocada, diz que “a economia das ‘renováveis’ se resume a uma nova fronteira de acumulação capitalista controlada por grandes monopólios nacionais e imperialistas, que não tem por objetivo substituir os combustíveis fósseis, mas usar do discurso da transição energética para gerar lucro e roubar terra”.

Não se trata disso apenas. As turbinas eólicas usam muita resina à base de petróleo para serem construídas. Suas pás têm uma vida útil relativamente curta, se convertendo em lixo de difícil descarte. O ruído que os geradores produzem tiram o sono dos agricultores e espantam onças e outros animais.

Além disso, mesmo quando ficam no mar, essas turbinas acabam prejudicando a pesca. Portanto, o MRT não faz a crítica devida a essa “energia sustentável”. E inúmeros problemas podem ser apontados com relação à energia solar.

Como não poderia deixar de ser, o MRT também ataca as inteligências artificiais, pois, segundo eles, “entre as novas tecnologias e data centers vemos a irracionalidade capitalista se propagando também com sua destruição ambiental com intenso consumo de energia e água”.

Talvez esse grupo não perceba, ou saiba, mas tecnologia acaba por preservar a natureza. Hoje, por exemplo, quase não se consome papel para a impressão de documentos, livros, jornais etc. Tudo pode se lido eletronicamente. Os data centers consomem água para refrigeração, mas a maioria é reutilizada.

Retrocesso

O MRT, obviamente, fala que o governo pretende explorar petróleo na “foz do Amazonas”, sendo que será na Margem Equatorial, a centenas de quilômetros da costa. E, mesmo que fosse próximo, o Brasil tem que explorar seus recursos, desenvolver a economia e, simultaneamente, a tecnologia de extração e refino.

A proposta do MRT, se fosse aplicada, provocaria uma completa paralisação da indústria, o que é absurdo. Sem o desenvolvimento industrial, a humanidade jamais conseguirá desenvolver energias limpas, ou cada vez menos poluentes.

Não existe energia limpa, mesma uma hidrelétrica provoca impactos ambientais. A energia nuclear, a que menos polui, praticamente está fora do baralho, pois essa esquerda a demoniza.

A classe trabalhadora não vai aderir às propostas do MRT, nem mesmo os “povos originários”, pelos quais esse grupo busca representar. Quem vive na Amazônia, as populações indígenas, quer ter energia e conforto. Ninguém quer passar o resto da vida comendo batata.

Tudo o que o MRT propõe é muito vago, dependeria da classe trabalhadora tomar o poder e todos os meios de produção. O que não está na ordem do dia.

De nada adianta dizer que “o comunismo é o movimento real que supera o atual estado das coisas”. Antes, é preciso organizar a classe trabalhadora, derrotar a burguesia, e essa onda verde nada mais é que um apêndice da política imperialista para os países atrasados.

Embora o MRT tente recorrer a Marx, a luta pelo meio ambiente não é marxismo, mas a adesão a uma política que visa apenas manter os países pobres no mais completo atraso, tornando-os alvos fáceis para a opressão imperialista.

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