Segundo o levantamento de um relatório global do Unicef, divulgado nesta quarta-feira (19), uma em cada cinco crianças no mundo vive em situação de extrema pobreza, sobrevivendo com menos de U$3 por dia – cerca de R$[16 reais na atual cotação. Durante os anos entre 2000 a 2023, o avanço desacelerou após a pandemia, quando o ritmo de redução desse tipo de pobreza deixou de crescer. O documento atualiza as estimativas internacionais sobre as privações severas e apresenta estas tendências observadas nos últimos anos.
Liliana Chopitea, chefe de políticas sociais do Unicef no Brasil, afirmou que o estudo de Situação das Crianças no Mundo 2025, indica que mais de 400 milhões de crianças enfrentam falta de acesso simultâneo a direitos essenciais, como água potável, nutrição adequada, moradia digna, educação, saneamento e saúde, que esses conjuntos de privações envolvem limitações concretas, como crianças que passam forme diariamente, que adoecem sem ter atendimento médico.
Os dados consolidados mostram que mais de 75% das crianças em pobreza extrema estão concentradas na África Subsaariana, região que há décadas apresenta os maiores índices de privações. Em seguida o leste asiático e o pacífico com áreas que registram as populações infantis amplas e com desigualdades marcadas por crises econômicas recentes.
Liliana, explica que a pobreza infantil inclui fatores estruturais que impactam diretamente no cotidiano e as condições básicas de vida, no relatório também se destaca que 22,3% das crianças de 0 a 4 anos vivem em extrema pobreza, faixa etária considerada crítica para o desenvolvimento físico e cognitivo, com impacto direto na nutrição e acesso à saúde.
Embora no documento divulgado nesta quarta-feira (19) não traga números específicos sobre o Brasil, nos levantamentos anteriores do próprio Unicef mostram que houve redução no total de crianças e adolescentes pobres no país. Em 2017, havia 34,3 milhões de pessoas de 0 a 17 anos vivendo na pobreza.
Em 2023, esse número caiu para 28,8 milhões, equivalente a mais da metade da população brasileira nesta faixa etária. O Unicef aponta que esse recuo está associado a fatores como programas sociais, recuperação parcial da renda das famílias e expansão de políticas assistenciais nos últimos anos. No relatório global indica que países de média renda enfrentam desafios adicionais, como dificuldades fiscais, crescimento econômico mais lento e pressões inflacionárias que afetam famílias com crianças menores.
Segundo este documento, esses fatores podem limitar a expansão de programas de transferência de renda e de serviços públicos. Para o Unicef, a combinação entre desaceleração econômica e aumento de desigualdades tende a manter milhões de crianças em condições de vulnerabilidade prolongada.
O que não leva em consideração este estudo e nem aprofunda no impacto que às guerras do imperialismo está causando globalmente, de acordo com um outro estudo da Oxfam, publicado no Dia Mundial da Alimentação, aproximadamente 21 mil pessoas estão morrendo de fome por dia em países com guerras promovidas pelo imperialismo, o relatório intitulado “Guerra dos Alimentos”, examinou 54 países afetados por conflitos e descobriu que eles representam 281,6 milhões de pessoas que estão enfrentando fome aguda. O conflito também tem sido umas das principais causas do deslocamento forçado nos países, que atingiu um recorde de mais de 117 milhões de pessoas.
No relatório sustenta que a causa da fome não é apenas os conflitos, mas que as partes em guerra também usam os alimentos como arma, atacando deliberadamente as infraestruturas alimentares, hídricas e energéticas, bloqueando eventuais ajudas humanitárias.
“Em um mundo devastado por conflitos, a fome se tornou uma arma letal usadas pelas partes envolvidas, contradizendo as leis internacionais e provocando um alarmante aumento das mortes e do sofrimento. O fato de que, no século XXI, a população civil ainda esteja sendo submetida a uma morte tão lenta representa uma falha coletiva”, denunciou Emily Farr, responsável por Segurança Alimentar e Econômica da Oxfam.
“As crises alimentares atuais são, em grande parte, provocadas. Quase meio milhão de pessoas em Gaza — onde atualmente 83% da ajuda alimentar necessária não chega — e mais de 750 mil no Sudão estão morrendo de fome devido aos efeitos mortais das guerras sobre os alimentos, cujos impactos provavelmente perdurarão por gerações.”





