A esquerda brasileira atravessa uma crise enorme.
Uma das causas mais importantes desta crise é a infiltração do imperialismo. A essa altura do campeonato, centenas, se não milhares de movimentos, entidades e mandatos estão dominadas por organizações não governamentais (ONGs) financiadas pelo Departamento de Estado norte-americano. O escândalo Boulos-Warde, divulgado com exclusividade por este Diário, revelou, em 2021, uma imensa rede de cooptação a partir de fundações ligadas aos serviços de inteligência dos países imperialistas.
A trajetória de Guilherme Boulos, o pivô da transformação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na legenda das ONGs imperialistas, mostra com clareza o propósito dessa cooptação. O psolista, paparicado pela imprensa burguesia, atuou para dividir a luta contra o golpe, a luta contra a prisão de Lula e a luta pela derrubada do governo de Jair Bolsonaro (PL), aliando-se aos interesses do imperialismo, mesmo que com um discurso pseudo-esquerdista.
A segunda causa importante para a crise da esquerda é a sua política hiper-oportunista, dedicada fundamentalmente às eleições. Contraditoriamente, ainda que a esquerda brasileira tenha apostado todas as suas fichas para nas instituições do Estado, sua participação nelas é praticamente nula. A única pessoa que tem um peso na institucionalidade burguesa é o presidente Lula; fora isso, a esquerda fracassou completamente. Lula não tem substituto, a bancada parlamentar da esquerda é minúscula.
Para um partido revolucionário, há muitas prioridades acima de conquistar uma presença institucional. No entanto, os partidos da esquerda pequeno-burguesa vivem integralmente para a vida parlamentar e institucional. Por isso, o seu fracasso nesta área é um fracasso de sua política.
A esquerda pequeno-burguesa não investe no movimento de defesa da Palestina, no movimento de defesa da Venezuela ou em uma luta verdadeira contra a política neoliberal. Já nas eleições, o investimento é total.
As concessões à burguesia se revelaram inúteis, até mesmo no sentido de se conquistar uma presença institucional. Afinal, para a burguesia, a direita sempre será a favorita para aplicar o seu programa. A esquerda só é permitida no regime quando a burguesia precisa de seu prestígio para controlar as massas. Com a atual política de desprezo pelas necessidades do povo trabalhador, a esquerda está perdendo totalmente o seu prestígio — e, portanto, vei se tornando uma nulidade para as massas e para a burguesia.





