Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), analisou nesta terça-feira (18), no programa Análise Política da 3ª, da Rádio Causa Operária, a crise interna do Partido Republicano nos Estados Unidos, a situação de Donald Trump e a tentativa do imperialismo de reorganizar a política latino-americana por meio de intervenções, golpes e campanhas de desestabilização. O programa vai ao ar todas as terças-feiras, às 12h30.
Segundo Pimenta, Trump enfrenta hoje uma pressão direta do aparato de Estado norte-americano e um isolamento político dentro de seu próprio partido, num cenário que guarda paralelos com o que ocorre com o governo Lula no Brasil. “É um governo institucionalmente fraco”, explicou. “O que está acontecendo com Trump é uma coisa muito parecida com o que está acontecendo com Lula aqui. Ele é um governo institucionalmente fraco e a pressão do chamado ‘Estado Profundo’ — quer dizer, do aparato de Estado imperialista — sobre ele é muito grande”.
Para o dirigente, a tentativa de Trump de moderar suas bases para agradar ao regime não fortalece sua posição. “Se ele continuar com essa política, em última instância isso conduz a liquidar o trumpismo. O Trump vai ficar aí como uma figura de aparência do imperialismo e ponto”, afirmou.
Ofensiva imperialista no México, Chile e em toda a região
Rui analisou os últimos acontecimentos no México, País que enfrenta grandes manifestações e tensões políticas. Segundo ele, os protestos exibem sinais claros de operação orquestrada por forças externas: “Tem toda a cara de uma revolução colorida isso. […] O governo está fraco”, declarou.
Ele destacou que esse processo não é isolado: faz parte de uma ofensiva sistemática dos Estados Unidos para impor governos diretamente controlados pelo imperialismo em toda a América Latina. “Se nós olharmos o panorama da América Latina inteira, a evolução da situação no sentido da dominação imperialista direta dos governos latino-americanos é muito grande”, afirmou.
O dirigente lembrou que a política de perseguições judiciais contra lideranças populares — prática vista no Brasil, em Honduras, na Colômbia e em outros países — tem sido a regra da intervenção norte-americana. “O imperialismo vai lá, prende um que pode ganhar eleição, prende outro que pode ganhar eleição. […] É o único caso no mundo em que o Judiciário teria agido corretamente [no caso Bolsonaro], quando estão fazendo isso em tudo quanto é lugar”, disse.
No Chile, apontou o fracasso do governo Boric como a base política que hoje impulsiona candidaturas como a de José Antonio Kast, representante da extrema-direita chilena.
Crise capitalista e crítica ao culto a Stálin
Respondendo às perguntas do público, Pimenta abordou a crise mundial do capitalismo, que classificou como uma crise de superprodução que o sistema mantém artificialmente por meio da indústria bélica e do crédito estatal. “O organismo [capitalismo] não consegue funcionar por meios normais, por meios naturais. Logicamente você pode funcionar por aparelho e depois tirar o aparelho, mas nesse caso aqui não tem essa possibilidade”, explicou.
O presidente do PCO criticou ainda a idolatria a José Stálin, reforçando que a visão de “líder iluminado” é incompatível com o marxismo. “Se o desenvolvimento dos países necessitasse de líderes iluminados, a gente estaria morando na caverna até hoje”, disse. Para ele, “Essa idolatria do Stalin é ofensiva para um espírito marxista. […] Não são os indivíduos que fazem a história, são os povos, são as grandes massas”.
Violência policial e o programa do PCO para as Forças Armadas
A discussão também tratou dos recentes casos de violência policial, incluindo ocorrências em Porto Alegre e Belford Roxo. Rui explicou que o problema da criminalidade é social e que a polícia brasileira não cumpre a função de proteger a população. “É mentira que as forças de segurança defendam a população. Quem é um cidadão comum que mora num bairro pobre sabe que isso daí não é verdade. […] A polícia atual existe para defender o rico”, afirmou.
Ele expôs, em seguida, os eixos centrais do programa do PCO para a segurança e defesa nacional: armamento universal do povo, eleição de oficiais e substituição da polícia por uma força realmente voltada à defesa dos trabalhadores. “O nosso princípio é que toda a população brasileira, homens e mulheres, a partir de uma determinada idade, deveria ter treinamento militar […]. Quem tem que defender o país é o povo do país”, disse.
Palestina: o caráter fascista da ocupação sionista
Pimenta comentou ainda a situação na Faixa de Gaza e as recentes propostas de “administração internacional” para o território, que considerou uma operação do imperialismo para afastar o Hamas do controle político palestino. “Isso aí não é melhor do que nenhum governo fascista que já existiu no mundo. É o típico governo fascista muito brutal, muito violento”, afirmou ao avaliar as ações do regime sionista.
Socialismo e bens de consumo
Encerrando a transmissão, Pimenta respondeu à pergunta de um espectador sobre se seria possível ter uma piscina no comunismo. Ele ironizou setores da internet que associam socialismo a vida ascética e negam o desenvolvimento material. Para o presidente do PCO, a sociedade socialista deve usar a tecnologia para ampliar o conforto humano. “Numa sociedade que é materialmente muito desenvolvida, sim, um cidadão poderia ter piscina em casa, por que não? […] A tecnologia tem mostrado muitas possibilidades que, na minha opinião, se harmonizam perfeitamente com o socialismo”, afirmou.
Assista ao programa na íntegra:





