Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Quando o poder persegue o exílio: o caso Mandari

Hicham Mandari representava uma ameaça política e simbólica ao regime marroquino

1. Quem foi Hicham Mandari?Hicham Mandari foi um empresário marroquino que viveu no exílio e se apresentou, em determinados períodos, como “conselheiro” do rei Hassan II. Ele afirmava possuir informações sensíveis sobre membros da família real e da elite dirigente.

Antes de sua morte, teria sobrevivido a tentativas de assassinato na Colômbia e em Paris, entre 2002 e 2003, o que demonstra os perigos que o cercavam.

(Fonte: El País)

2. O assassinato na Espanha

Na noite de 4 para 5 de agosto de 2004, Mandari foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro de um estacionamento em Mijas, perto de Fuengirola, na Costa del Sol, sul da Espanha.

As investigações mostraram que o crime foi executado com um único disparo na parte de trás da cabeça, sugerindo uma execução planejada, e não um assalto casual. Nenhuma perseguição ou fuga foi observada, indicando um encontro marcado com o assassino.

(Fonte: El País)

3. Por que se suspeita dos serviços de inteligência marroquinos?

a) A natureza da ameaça que ele representava

Mandari ameaçava divulgar segredos capazes de manchar a imagem do Estado e da elite marroquina. Isso o tornava um alvo potencial para os serviços secretos, interessados em eliminar discretamente alguém considerado perigoso.

b) Indícios de vigilância por “agências secretas”

Um relatório do jornal espanhol El País informou que quatro serviços de inteligência — entre eles o marroquino — monitoravam Mandari antes de sua morte.

(Fonte: El País)

c) O profissionalismo na execução

O modo como o assassinato foi realizado (um tiro único, de curta distância, em local isolado e sem testemunhas diretas) é típico de operações de natureza estatal ou de inteligência, e não de uma disputa entre criminosos comuns.

d) Antecedentes da inteligência marroquina

Os serviços de inteligência marroquinos — especialmente a antiga Direção Geral de Estudos e Documentação (DGED) — possuem um histórico controverso em relação a opositores políticos e figuras consideradas ameaças ao regime. O caso mais notório foi o sequestro e assassinato do líder socialista Mehdi Ben Barka em Paris, em 1965, episódio no qual investigações francesas apontaram a participação direta de agentes marroquinos, com possível colaboração de serviços estrangeiros.

Esse precedente reforça a percepção, entre analistas e observadores, de que o Estado marroquino já recorreu no passado a métodos extraterritoriais para silenciar dissidentes. Assim, o assassinato de Hicham Mandari, também ocorrido em solo europeu e com características de operação profissional, desperta inevitavelmente comparações com o caso Ben Barka.

(Fontes: Le Monde, El País, The Guardian)

4. Conclusão

Com base nos fatos conhecidos:

Hicham Mandari representava uma ameaça política e simbólica ao regime.

O assassinato foi realizado com alto nível de profissionalismo.

Há evidências de que o serviço de inteligência marroquino (DGED) estava entre as agências que o monitoravam.

Dessa forma, a leitura de que a DGED ou outro órgão de segurança marroquino possa ter sido o principal suspeito — ao menos do ponto de vista analítico e circunstancial — é plausível.

Entretanto, é essencial enfatizar que nenhum tribunal comprovou oficialmente o envolvimento do Estado marroquino, e que essa interpretação se baseia em investigações jornalísticas e análises públicas, não em provas judiciais definitivas.

Casos como este permanecem envoltos em mistério, mesmo décadas após o crime.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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