Nesta sexta-feira (14), em sua tradicional entrevista à TV 247, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, assinalou que o momento na América Latina é “dramático”. Questionado sobre a notícia do acordo de livre comércio entre Argentina e Estados Unidos, Pimenta afirmou: “Milei praticamente entregou o país ao Donald Trump”, e completou: “a Argentina assume sua condição colonial”.
O dirigente explicou que a raiz desses eventos reside em um problema estrutural do capitalismo mundial. “O problema é que o capitalismo está num beco sem saída”, disse, argumentando que o sistema não pode “andar para a frente sem espoliar de uma maneira muito agressiva os povos do mundo inteiro”.
Ele caracterizou o momento como uma “espécie de segunda grande onda neoliberal”, na qual a América Latina, rica em recursos, se torna um “alvo privilegiado”. Segundo Pimenta, “o Brasil é o principal alvo dessa política na América Latina, porque é o país mais rico de todos”.
Sobre a popularidade do presidente argentino, Javier Milei, Pimenta atribuiu o fenômeno ao apoio da burguesia, que “apoia essa política”. Ele esclareceu ainda que política em questão é a do “imperialismo” e não apenas de Donald Trump. Ele acrescentou que a burguesia local “não vê outra saída senão entregar tudo e ver se eles conseguem viver das migalhas que caem da mesa do imperialismo”.
Questionado sobre o caso Jeffrey Epstein, Pimenta concordou que seria uma tentativa de desestabilizar Trump, explicando que o objetivo é “retomar o controle do partido republicano” e “acabar com a influência do Trump dentro do partido republicano”. Ele novamente comparou a situação do presidente norte-americano à de Lula, pois ambos “não têm uma base firme na política norte-americana”.
Pimenta classificou a operação Lança do Sul dos EUA como um “perigo” e ligou-a à política de “combate ao narcoterrorismo”. Ele não descartou a hipótese de que a chacina no Rio de Janeiro possa estar “diretamente ligada a essa política dos Estados Unidos para a América Latina”, embora tenha afirmado: “é possível, eu não tenho certeza sobre isso”.
No entanto, ele questionou a eficácia e a popularidade de tais medidas. “essas chacinas elas não dão um bom resultado”, e afirmou ter “certeza de que a maioria do povo não aprova isso”. Citando a experiência do PCO, Pimenta refutou a ideia de que moradores de comunidades como o Alemão apoiem a ação policial: “é mentira que o pessoal é a favor da polícia”.
O dirigente do PCO considerou que o governo Lula deveria ter exigido uma “investigação cabal”, chamando o episódio de “novo Carandiru”. Ele criticou a pressão eleitoral para o PT adotar uma “política repressiva”, classificando-a como um “erro colossal” e desnecessária, já que o povo busca alívio na miséria: “por que que o pessoal não vai nessas nessas comunidades aí e cria melhores condições de vida para a população?”.
Questionado sobre a falta de capacidade militar do Brasil como justificativa para a ambiguidade de Lula em relação ao imperialismo, Pimenta foi enfático: “ninguém está colocando que o Brasil deveria se alinhar com a Venezuela militarmente”. Ele defendeu que o Brasil deveria, no mínimo, “apoiar politicamente a Venezuela, protestar, chamar reuniões internacionais, denunciar”.
Sobre o alinhamento da Bolívia com o imperialismo, Pimenta afirmou que a ascensão do novo presidente é “resultado de um golpe de Estado,” pois impediu a candidatura de Evo Morales. Ele advertiu que o Brasil “vai pelo mesmo caminho” e que o imperialismo está em um “esforço muito muito grande para dominar a política latino-americana”.
No entanto, ele encerrou o tema com uma nota de otimismo: “essa onda neoliberal, ela vai fracassar… O chavismo vai parecer assim um modelo de moderação perto do que vai acontecer na América Latina a hora que fracassar tudo isso”.





