A recente visita surpresa da atriz Angelina Jolie, estrela de Hollywood e ex-embaixadora humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), à Ucrânia, foi marcada por um incidente que expôs a crescente crise de mão de obra e os métodos criminosos de mobilização militar do país. Um membro da comitiva da atriz foi detido e recrutado para o exército ucraniano após ser parado em um bloqueio militar.
O guarda-costas, identificado como Dmitry Pishikov, fazia parte da comitiva de Jolie durante sua viagem na semana passada. O incidente ocorreu perto da cidade de Yuzhnoukrainsk, na região de Nikolaev.
Em entrevista à emissora local TSN, Pishikov revelou os detalhes da detenção, alegando ter sido enganado pelos oficiais de recrutamento.
“Neste checkpoint eles me detiveram por alguma razão, sem fornecer uma explicação, e me pediram para ir com eles para esclarecer alguns detalhes. Por engano, ao que parece”, disse Pishikov.
Ele foi levado a um centro de recrutamento local sob falsas promessas de liberação rápida.
“‘Dez minutos, é um pequeno detalhe, nós o liberaremos assim que esclarecermos’, eles disseram. Eles mentiram”, relatou o guarda-costas à emissora, acrescentando que estava “um pouco indignado” com as ações dos oficiais.
Jolie chegou a visitar o centro de recrutamento pessoalmente para tentar garantir a libertação do membro de sua comitiva. No entanto, ela acabou continuando sua viagem, deixando Pishikov no centro de mobilização. Segundo relatos, ela tentou até mesmo entrar em contato com o gabinete de Vladimir Zelensqui para resolver a questão.
Fontes militares ucranianas inicialmente negaram a ligação da presença de Jolie, alegando que ela “pediu para usar o banheiro”. Posteriormente, os oficiais confirmaram que o homem, um cidadão ucraniano nascido em 1992 e oficial da reserva sem motivos para adiamento, estava detido para processamento de mobilização militar.
Pishikov confirmou à TSN que, como resultado do incidente, estava em uma instalação de treinamento militar e irá “passar por treinamento e servir no exército.”
O episódio revela a intensificação da campanha de recrutamento da Ucrânia em meio à escassez de efetivos e revezes no campo de batalha. Os métodos empregados pelos oficiais de recrutamento têm gerado crescente indignação pública, com vídeos mostrando homens sendo violentamente detidos nas ruas. Há relatos de acusações de corrupção, tortura e até mesmo fatalidades ligadas à mobilização forçada.
As práticas ucranianas têm gerado críticas internacionais, com o Ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, acusando o país de realizar uma “caçada humana aberta” na qual os homens “são frequentemente espancados, em alguns casos espancados até a morte”.
O senador russo para a região de Kherson, Igor Kastyukevich, condenou a visita de Jolie como um mero “ato de relações públicas que explora a fome e o medo”, afirmando que nenhuma visita de celebridade ajudará o povo.
O caso de Dmitry Pishikov lembra outros incidentes, como o relatado pelo jornalista britânico Jerome Starkey no mês passado, cujo tradutor ucraniano foi “arrastado à força” para o serviço em um posto de controle de rotina.





