O governo Lula se encontra cada vez mais encurralado, marcado pela fragilidade interna de sua base de apoio e por desastres em sua política externa. Essa dupla crise leva o governo a adotar a tentar manter uma postura de “equilibrismo”, oscilando entre alianças sem sustentação e um recuo perante a pressão do imperialismo.
Na esfera internacional, a política externa do governo vem sendo a de subordinação, evidente no silêncio diante de ataques aéreos dos Estados Unidos contra barcos no Caribe. Tal postura contrasta com a atitude do presidente colombiano, Gustavo Petro, que, ainda que tardiamente, suspendeu a colaboração de inteligência com os Estados Unidos. O caso da Palestina é igualmente desastroso. O governo Lula, mesmo após dois anos de genocídio em Gaza, insiste em caluniar a Resistência Palestina, chamando a Operação Dilúvio de Al-Aqsa de “ação terrorista”. Esses eventos demonstram a dificuldade do governo em manter uma posição nacionalista consistente.
O motivo para as capitulações na política externa está na fraqueza interna da base de apoio do governo Lula. O PT apoia-se em setores da burguesia que são, por natureza, fracos, e essa fragilidade é intensificada pelo crescimento da extrema direita. O bolsonarismo conseguiu capturar a burguesia média, um setor que o PT, com uma política nacionalista, poderia ter atraído. Com o grande capital contra e a maioria da burguesia média na oposição, o governo carece de uma base sólida.
O apoio que resta ao PT na classe trabalhadora e na classe média meramente eleitoral, insuficiente para promover grandes mudanças. Diferentemente de outros líderes de esquerda na América Latina que contaram com a mobilização popular para transformar o regime, o PT não possui essa sustentação nas ruas. A consequência inevitável dessa fraqueza é uma política de equilibrismo, na qual o governo se alia momentaneamente ora com um setor, ora com outro, em um jogo defensivo.
Essa aliança imposta com o grande capital afetou tanto a política econômica, gerando contradições como a indicação de Gabriel Galípolo ao Banco Central seguida de protestos de integrantes do próprio PT, quanto a política externa. Não há margem de manobra para desafiar abertamente o imperialismo. Mesmo iniciativas como a COP 30, que deveria ser a grande jogada internacional do PT, estão sendo desastrosas.
No fim, o PT não consegue se posicionar de forma definitiva. Não está nem do lado dos BRICS, nem do lado do imperialismo, mas sim “sambando” de um lado para o outro. Essa política de indefinição e fragilidade coloca o governo em uma situação dramática e encurralada, incapaz de satisfazer sua base ideológica e sem força para resistir às pressões do grande capital.




