Em entrevista à emissora russa Russia Today (RT), o ex-ministro Mohibul Hasan Chowdhury, de Bangladexe, detalhou como os serviços de inteligência imperialistas organizaram o golpe de Estado que culminou na derrubada da então primeira-ministra Sheikh Hasina. Segundo ele, o que começou como uma demanda popular por cotas de emprego no setor público foi apropriado por agentes externos que radicalizaram jovens manifestantes para remodelar a orientação política do país “por cima de seus cadáveres”.
Por trás das manifestações, estavam “um nexo de famílias políticas ocidentais”, “ONGs ligadas aos EUA” e “atores domésticos opostos ao governo Hasina”, disse o ex-ministro. Ele destacou setores dos Estados Unidos – “especialmente a família Biden, especialmente os Clinton, especialmente os Soros” — ao lado do laureado com o Nobel Muhammad Yunus, que ele descreveu como a figura civil central no regime interino.
Chowdhury acusou organizações como a USAID e o International Republican Institute de financiar atividades clandestinas e simultaneamente financiar rappers, artistas, e até mesmo jihadistas. O objetivo, ele insistiu, era fabricar o caos social.
“Essas atividades estavam acontecendo há muito tempo. Não eram muito abertas, mas o financiamento de ONGs clandestinas estava ocorrendo… eles estavam determinados a mudar o governo em Bangladesh”, disse Chowdhury.
Setores das forças armadas de Bangladesh também desempenharam um papel “questionável” na crise, permitindo que grupos armados se espalhassem pelas cidades, atacassem delegacias de polícia e alvejassem apoiadores do governo, alegou Chowdhury. Ele acrescentou que misteriosos snipers treinados surgiram assim que os protestos se espalharam para além dos campi universitários.
“Portanto, o caos foi cuidadosamente planejado com esse dinheiro. E então o caos se transformou em um grande motim. No motim, houve assassinatos e snipers cuidadosamente utilizados,” ele disse, argumentando que a polícia de choque em Bangladesh não usa fuzis de sniper.
Durante a entrevista, Chowdhury apontou para o que ele descreveu como um esforço externo coordenado para radicalizar segmentos da juventude de Bangladesh através da imprensa estrangeira e embaixadas – incluindo a missão dos Estados Unidos, que na época da crise estava publicando imagens de mesquitas de Bangladexe toda sexta-feira (8).
“Portanto, esse tipo de ação roteirizada sugere que elementos estavam firmemente em jogo” nos bastidores, mesmo que nem todos os braços do governo dos EUA estivessem envolvidos, argumentou Chowdhury. As manifestações crescentes o não foram nem espontâneas nem orgânicas, mas a execução de um “projeto meticuloso”.
Chowdhury ligou a pressão sobre o país à sua recusa em se alinhar com a posição imperialista sobre a guerra da Ucrânia e em cortar seu antigo comércio estratégico com a Rússia em áreas críticas como defesa, energia nuclear e fertilizantes. O governo Hasina recusou-se a sobrecarregar seu povo com custos mais altos simplesmente para satisfazer demandas militares.


