A entrevista de Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), à TV 247 desta semana, transmitida na última sexta-feira (7), teve início com o debate sobre a chacina nos Complexos da Penha e do Alemão, que completava sua segunda semana. Pimenta classificou o ocorrido como um acontecimento de “muita importância”, destacando que o massacre atual é “maior do que o do Carandiru”. O dirigente destacou a falta de repúdio das forças políticas, criticando especificamente o presidente Lula:
“Eu acho, por exemplo, que o presidente Lula errou de não condenar veementemente o massacre.”
Para Pimenta, o ato é uma “selvageria”, digna de uma sociedade de “bárbaros”.
Pimenta informou que um levantamento realizado mostra que, desde 1990, houve “50 chacinas policiais no Rio de Janeiro”. Ele comparou o Rio de Janeiro à cidade colombiana de Bogotá, devido à “repressão desenfreada” impulsionada pela guerra às drogas. Ele também criticou o discurso de quem tenta justificar a violência policial: “se existe um cidadão aí louco o suficiente para dar gente para o jacaré comer, o Estado não pode fazer a mesma coisa”. Ele alertou que a violência policial atinge também a classe média, citando o caso da Rota 66, em que jovens de classe média foram fuzilados pela Rota em São Paulo.
Rui Costa Pimenta classificou o regime político brasileiro como “fascista”. Ele questionou a diferença da reação da esquerda diante da invasão da Praça dos Três Poderes e o massacre no Rio. “Agora, quando vem a polícia… e faz uma coisa desse nível, ninguém… cadê, cadê o antifascismo, né?”. Pimenta sentenciou: “a polícia brasileira é um esquadrão da morte, né? Porque 50 chacinas em 35 anos é demais”.
O presidente do PCO afirmou que a ideia de que a população apoia o massacre é “mentira”. Ele denunciou a imprensa como “uma usina de mentiras” que oculta a realidade, citando relatos de militantes do PCO que conversaram com moradores e souberam de execuções de pessoas desarmadas e rendidas.
Em resposta à pergunta de um professor de ensino médio sobre o crescimento da extrema direita entre os jovens, Rui Costa Pimenta afirmou: “os jovens, de fato, principalmente do sexo masculino, têm uma propensão a apoiar isso”. Ele atribuiu essa adesão ao fato de a sociedade ser “desesperadora”, levando as pessoas a buscarem “resoluções radicais”.
O cerne da questão, segundo Pimenta, reside na postura da esquerda: “a esquerda não fala o que tem que falar”. O único caminho seria “confrontar” a opinião da direita e enfatizar que a violência policial é uma “matança inútil de gente” que “não resolve nenhum problema”.
“O problema da criminalidade não é um problema policial, é um problema social”, reforçou Pimenta, citando como exemplo a Inglaterra, onde morou e notou que a violência era quase inexistente devido à existência de saúde, emprego e educação.
Ao abordar o encontro de Lula na COP 30, Rui Costa Pimenta considerou o evento um “fiasco”, alegando que o massacre no Rio ofuscou a reunião. Ele questionou a relevância das resoluções, já que “o próprio Lula já declarou muitas vezes que as resoluções desses encontros nunca são cumpridas pelos países ricos”.
Analisando a América Latina, o presidente do PCO classificou a situação como “ruim”: “Argentina é uma ditadura do Milei… Peru, ditadura. Bolívia… vai impor ditadura”, previu.
Ao comentar a crítica de Gleisi Hoffmann à Taxa Selic e ao diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, Rui Costa Pimenta “por que que o PT colocou esse cidadão aí? Esse é esse que é o X do problema”. O dirigente apontou que a alta taxa de juros é a principal “fonte da desgraça nacional”, pois “metade do orçamento federal nacional, cerca de 1 trilhão de reais, vai para o bolso dos bancos”.
Rui Costa Pimenta encerrou o programa comentando o caso de sua filha, Natália Pimenta, que teve o pedido de medicamento negado pela Justiça.
“A doença dela, você não vai encontrar 10 pessoas com essa doença no Brasil”, disse Pimenta, questionando como tal demanda poderia “comprometer o sistema de saúde”.
Ele informou que, após a negativa liminar, foi apresentado um agravo que “subiu para o TRF” e está sendo examinado. Pimenta concluiu com um apelo: “ajudem a fazer barulho”.





