O caso da companheira Natália Pimenta, que, em sua batalha contra um tipo raro de leucemia, está sendo obrigada a batalhar contra o Estado brasileiro para obter o remédio que pode fortalecê-la contra a doença, guarda uma estreita relação com a chacina no Rio de Janeiro. Ambos são a expressão da política neoliberal, a política criminosa dos banqueiros e especuladores.
O Brasil vive, desde o golpe de Estado de 2016, um processo brutal de ataques aos direitos sociais e à economia nacional. A sanha neoliberal, comandada diretamente pelo capital financeiro internacional, instituiu um regime de pilhagem do povo trabalhador e de repressão generalizada — um verdadeiro genocídio econômico. Entre os instrumentos jurídicos desse regime de exceção está a criminosa alteração da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), imposta por Michel Temer em 2018. O famigerado artigo 20 obriga juízes e administradores a ponderarem suas decisões com base nas “consequências práticas” — eufemismo para colocar os interesses orçamentários do capital acima da vida da população.
A essência dessa medida é clara: transformar direitos básicos em privilégios condicionados ao “orçamento”, ou seja, submeter a saúde, a educação e a dignidade humana ao crivo da austeridade neoliberal. Natália Pimenta, dirigente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), é vítima direta deste dispositivo. Internada em estado grave na UTI, Natália teve negado o fornecimento de um medicamento vital, sob a justificativa de que isso poderia “desequilibrar as contas públicas”. Um verdadeiro crime de Estado.
Assim como Natália, milhares de outros brasileiros estão nas mesmas condições. As medidas econômicas do governo Temer — o mais neoliberal desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) — não apenas estão inviabilizando o tratamento médico de pessoas com doenças raras, mas afetando serviços essenciais, como o próprio atendimento de creches e a alimentação de crianças.
Para o neoliberalismo, os interesses dos bancos vêm em primeiro lugar. E é por isso que este sistema econômico é corretamente chamado de “genocídio econômico”. É um sistema que provoca a morte da população pobre.
Diante de suas crises militares, o imperialismo necessita intensificar a política neoliberal no Brasil, que foi obstaculizada pelas contradições dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT). O plano é estabelecer no Brasil um governo nos moldes de Javier Milei na Argentina, Daniel Noboa no Equador ou Rodrigo Paz na Bolívia. Governos que, para aplicar o genocídio econômico, estão se transformando em ditaduras brutais.
É por isso que a chacina no Rio de Janeiro, longe de ter sido uma operação exclusiva do governador Cláudio Castro (PL), representa uma tendência geral da situação política. Ela é parte da preparação da burguesia para um regime de força, assim como os regimes dos países vizinhos.




