O artigo intitulado A cartada final da extrema-direita, publicado em 31 de outubro de 2025 pelo Brasil 247 e assinado por Tiago Barbosa, comete um erro de avaliação de consequências gravíssimas, ao caracterizar essa ofensiva como um ato de desespero da direita. A análise do articulista sobre a tática da direita em utilizar a “segurança” e o “combate ao crime” para fins ditatoriais é correto, mas o otimismo subjacente à tese da “cartada final” mascara a real iniciativa política que se encontra nas mãos do imperialismo e de seus agentes no Brasil.
Ao rotular essa política como a “cartada final”, o articulista cai em uma perigosa ilusão. Ele escreve: “a segurança é a última esperança política de uma extrema-direita fracassada diante do êxito de Lula em todos os campos”, e que se trata de uma “cartada de desespero para sequestrar a pauta do país e subjugar a população com medo e ódio em prejuízo da racionalidade”.
Dizer que esta é a “última esperança” de uma direita “fracassada” implica que a esquerda estaria em uma posição de vitória ou, no mínimo, com a iniciativa política, e que o governo estaria obtendo “êxito em todos os campos”. A realidade, no entanto, desmente essa visão. A ofensiva da direita e do imperialismo não é de desespero, mas sim de iniciativa política contínua e vitoriosa até este momento.
O fato é que o governo Lula tem sido sistematicamente minado por essa ofensiva. O imperialismo, através de seus representantes na burguesia, na imprensa e no aparelho de Estado (como o Congresso e o Judiciário), tem impedido o governo de sequer implementar um projeto de desenvolvimento nacional minimamente autônomo. O governo é pressionado a adotar uma política neoliberal, sendo constrangido a se manter preso ao arcabouço fiscal.
Além disso, a direita e a imprensa monopolista pressionam o governo para que adote posições ultra-moderadas na política externa, dificultando a atuação soberana do Brasil no cenário internacional. O governo Lula adotou a vergonhosa posição de “neutralidade” diante das ameaças do imperialismo norte-americano à soberania venezuelano. Ao mesmo tempo, vem constantemente condenando a luta de libertação nacional palestina dirigida pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
Portanto, a conclusão a que se deve chegar é a oposta: a direita não está “encurralada” nem “prestes a perder a eleição”. Ela está, na verdade, ditando o ritmo da política nacional. O uso da demagogia do “combate ao crime” é a ponta de lança de um projeto político que avança rapidamente para a ditadura aberta.





