Nesta edição, o Diário Causa Operária publicou uma denúncia detalhada sobre a maior chacina da história do Rio de Janeiro, ocorrida na terça-feira (28), durante a chamada Operação Contenção. A ação conjunta das polícias civil e militar nos complexos do Alemão e da Penha, sob o pretexto de combater o Comando Vermelho, resultou na morte de mais de 130 pessoas, segundo dados da Defensoria Pública. Relatos, vídeos e fotografias obtidos por nossa equipe mostram que a versão oficial é uma farsa: tratou-se de uma operação de extermínio contra a população das favelas cariocas, com execuções, torturas e destruição de casas.
Independentemente da justificativa apresentada pelo governo Cláudio Castro (PL), o que ocorreu no Rio de Janeiro abriu uma nova etapa na situação política nacional. O Estado brasileiro, por meio de suas forças repressivas, elevou o grau de violência estatal a um novo patamar. As declarações de governadores como Wilson Witzel — que, em 2019, defendia “dar tiro na cabeça” — deixaram de ser bravatas. O que se viu nesta semana foi a concretização dessa política genocida.
O que está em curso não é uma guerra contra o tráfico, mas uma escalada de terror de Estado. Trata-se de uma política deliberada, dirigida contra o povo trabalhador, disfarçada de combate ao crime organizado. É sempre assim que se iniciam as ofensivas autoritárias: primeiro, o alvo é o “bandido”, o “traficante”, o inimigo fabricado para satisfazer o ódio da classe média reacionária. Mas, em pouco tempo, a violência se volta contra todos os que lutam — sindicatos, movimentos populares, partidos de esquerda, organizações de bairro.
Essa é a verdadeira função da Operação Contenção: testar os limites da repressão estatal e preparar o terreno para sua generalização. O que começou no Rio de Janeiro é uma ameaça a todo o povo brasileiro. Não enxergar isso é ignorar o caráter de classe do Estado e o seu papel a serviço da burguesia e do imperialismo.
Informações dão conta de que o governo do Rio comunicou previamente aos Estados Unidos a realização da operação. Isso revela, mais uma vez, a completa subordinação do regime político brasileiro ao imperialismo norte-americano. Até para massacrar o próprio povo, as autoridades locais buscam “autorização” em Washington. O País vive sob um regime de colônia, em que governadores e generais atuam como agentes diretos do imperialismo.
O massacre de 28 de outubro mostra que o Brasil está diante de uma virada política. A burguesia procura construir uma “terceira via”, que não seja nem Bolsonaro, nem Lula, mas um representante “moderado” da repressão: figuras como Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas. Esses governadores são os candidatos ideais do imperialismo para aplicar uma política de guerra contra o povo.
O que ocorre no Rio é, também, parte de uma tendência internacional. Na Argentina, o governo de Javier Milei lançou um pacote de ataques brutais aos trabalhadores — aumento da jornada mínima para 12 horas, fim dos contratos coletivos e eliminação dos reajustes pela inflação. Quando o povo reagir, virá a repressão. No Brasil, o mesmo caminho está sendo preparado.
A Operação Contenção é, portanto, um sinal de alerta. É a preparação para o uso sistemático da violência contra toda forma de resistência popular. Cabe ao movimento operário e às organizações de esquerda compreenderem o alcance desse ataque e organizar uma ampla mobilização nacional contra o terrorismo de Estado. O massacre do Rio de Janeiro não é um episódio isolado — é o prenúncio de uma política reacionária que só poderá ser detida pela ação direta e unificada dos trabalhadores em defesa de suas vidas e de suas liberdades democráticas.





