Rio de Janeiro

‘Eles podiam prender, mas mataram e largaram no mato’

Veja relatos dos moradores que foram vítimas do terror fascista do Estado fluminense

Nesta terça-feira (28), as polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro perpetraram a maior chacina da história do estado. Sob o pretexto de combater o Comando Vermelho, pelo menos 128 pessoas da população local dos Complexos da Penha e do Alemão foram assassinadas na chamada Operação Contenção, da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. 

Em forte indicativo que tais mortes se trataram de execuções, apenas quatro policiais morreram, de um efetivo de cerca de 2.500 que tomaram parte da operação, o que torna inverossímil os pretextos típicos de troca de tiros.

Nos dois últimos dias, inúmeros depoimentos de moradores locais que resgataram os corpos dos mortos denunciam que o que houve foram execuções sumárias, pois vários dos corpos estavam fuzilados, ou com facadas. Outros mais estavam sem cabeça, sem braço ou perna, ou mesmo com dedos arrancados.

Os cerca de 80 corpos resgatados pelos moradores estavam em área de mata que circunda os complexos da Penha e do Alemão. Conforme noticiado pela Agência Brasil, as polícias, ao mesmo tempo em que invadiram a comunidade, montaram um “muro” com agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) para bloquear a saída pela mata. Veja na imagem, simulada pela emissora BBC News Brasil:

Conforme informado por Erivelton Vidal Correa, presidente da associação comunitária de Parque Proletário, na Penha, já às 19h da terça-feira, moradores tentavam subir à mata para ajudar às vítimas. O resgate terminou na manhã da quarta-feira (29), com os corpos resgatados sendo colocados em frente à sede da associação, na Praça São Lucas, também conhecida por Vila Cruzeiro.

Falando à Agência Brasil, um morador que fugiu para a mata e sobreviveu relatou que “a gente ouviu os gritos e pedidos de socorro e subiu para ajudar. Eu moro perto. Entrei na mata às 3h da manhã. Eles não paravam de dar tiro, tacar bomba de gás [lacrimogêneo] e, em muitos momentos, a gente teve que se proteger. Eles dando tiro, a gente se escondendo no meio dos corpos para prosseguir“, acrescentando que a polícia tentou impedir a ajuda de chegar.

A mesma testemunha relatou o cenário macabro da chacina perpetrada pelas polícias Militar e Civil do RJ: ele e outros que sobreviveram encontraram “muitos mortos sem camisa, fuzilados, com mãos e dedos decepados e também decapitados”, acrescentando que viu “bem uma cabeça que estava entre os galhos de uma árvore e o corpo jogado no chão“. A Agência Brasil informou que ele mostrou à reportagem o vídeo da vítima encontrada nessas condições e que outras vítimas mortas com a cabeça cortada por faca também foram encontradas por fotógrafos que estiveram na área mais cedo.

Nesse sentido foi o depoimento do fotógrafo Bruno Itan à emissora BBC News Brasil. Ele relatou sobre um elevado número de corpos mortos a facadas: “o que me chamou muita atenção são muitos corpos com facadas, tem muitas fotos que dá pra ver que foi arma, efeito de arma branca, entende?”.

Ele também relatou sobre corpo que “estava sem cabeça, corpos totalmente desconfigurados mesmo […] sem rosto, sem a metade do rosto, sem braços, corpos sem perna“.

Em entrevista ao portal de notícias UOL, moradora do Complexo do Alemão denunciou que os policiais “arrancaram a cabeça do meu sobrinho e deixaram pendurada numa árvore”. Ela informou também que “ele não tinha nenhum tiro no corpo”, acrescentando que trabalhava como mototaxi e nunca havia sido preso. Veja:

No mesmo sentido foi o relato de Erivelton Vidal Correa, presidente da associação Parque Proletário, citada anteriormente. À Agência Brasil, ele confirmou os sinais de tortura e execuções: “Muitos corpos deformados, com perfurações no rosto, perfurações de faca, cortes de digitais, dois corpos decapitados, a maioria dos corpos não tinha face, essa era a condição”

Acrescentando que dois irmãos “foram mortos abraçados com um tiro na cara cada um e tiveram as digitais cortadas”, o presidente da Associação concluiu que “todos os corpos que nós pegamos ali, antes, eles estavam vivos nas mãos deles [da polícia]. Eles podiam prender, mas não, mataram e largaram no mato“.Em outro relato que mostra que a maioria das mortes foram execuções, um morador local chamado Raul Santiago denunciou que houve “muitas delas [das pessoas] baleadas na nuca, pelas costas”, conforme noticiado pela emissora catariana Al Jazeera.

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