A Defensoria Pública do Rio de Janeiro informou, na manhã do último dia 29, que o total de assassinados na chamada “megaoperação das forças de pressão” – com mais de 2.500 policiais – tinha ultrapassado 130.
Isso, poucas horas depois do Estado e da cínica imprensa capitalista divulgarem o número inicial de 64 mortos. Profundamente revoltada, a população começou a juntar, na entrada das comunidades, corpos que estavam ocultos, jogados em valas, deixados para trás pela Polícia.
Na Praça da Penha, na zona Norte do Rio, umas das regiões atingidas pelos ataques selvagens, o dia seguinte à chacina começou com uma fila de 70 corpos estendidos em uma lona.
Muitos deles foram atacados pelos covardes durante a madrugada, com roupas íntimas, mostrando que foram pegos de surpresa, enquanto dormiam, sendo executados com tiros à queima-roupa.
Segundo ativistas e moradores, eles foram retirados pelos próprios cidadãos de uma região de mata do Complexo da Penha, durante toda a madrugada.
Os números podem e devem ser ainda maiores, como sempre acontece nas criminosas operações de guerra da PM e demais forças de repressão, em que eles procuram ocultar total ou parcialmente as ações ilegais e covardes que cometem contra moradores de comunidades pobres, em sua maioria negros, apresentados pela imprensa como “suspeitos” ou “bandidos”.
Esse número faz da operação de guerra organizada pelo governo Cláudio Castro (PL-RJ), que organizou juntamente com o Judiciário, uma gigantesca operação de guerra, a chamada Operação Contenção, com a participação de mais de 2,5 mil homens das Polícias Civil e Militar, para invadir os Complexos do Alemão e da Penha. O pretexto seria cumprir quase 100 mandados de prisão e combater a expansão da facção Comando Vermelho (CV).
O total de mortos deixa claro que os mandados eram meros pretextos. A fuzilaria foi geral. Muitos dos “procurados” fugiram, mas a PM, Bope, Civil, etc. fizeram o “serviço” criminoso, para o qual esses verdadeiros cães fascistas foram soltos na Comunidade: promover uma matança sem igual na história recente do País, que superou a covarde chacina do Carandiru, em 1992, quando a PM paulista executou – segundo números oficiais – 111 presos.
Deixando claro que o objetivo era fuzilar suspeitos e quem mais se colocasse no caminho, os números mentirosos inicialmente divulgados pelo governo e pela imprensa capitalista, falavam de 64 mortes e que foram registradas 81 prisões, incluindo nomes importantes do CV como Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, e Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de um dos chefes do tráfico.
Ou seja, para cada preso, foram quase dois mortos. Como nem todos os procurados foram encontrados e presos, fica claro que a Polícia fascista “aproveitou” para intensificar sua guerra cotidiana contra a população trabalhadora do Rio de Janeiro, como faz em todo o País, diariamente.
A campanha da venal imprensa burguesa apenas criticou – como de costume – o excesso, e apenas lamentou a morte, dos quatro policiais covardes, armados até os dentes, que participavam da invasão de bairros onde residem centenas de milhares de trabalhadores e agindo com enorme selvageria contra o povo que, supostamente, deveriam proteger.
Sob as ordens de um dos governos do regime que a imprensa, a direita e até setores da esquerda, consideram como “democrático”, eles invadiram as comunidades, como as forças nazissionistas fazem na Palestina, para espalhar o terror, intimidar, torturar e assassinar gente pobre e preta, para aplicar a verdadeira “pena de morte” contra dezenas ou centenas de cidadãos, mesmo que tal pena não exista no Código Penal brasileiro.
Na criminosa imprensa capitalista, todos eram apenas “suspeitos”. Não era gente, não tinham nomes, filhos, pais, irmãos.
Dois dos policiais mortos, inclusive, eram militares integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), um dos destacamentos mais fascistas de todo o Brasil e que esteve à frente de alguns dos maiores crimes contra a população pobre do Rio de Janeiro em diferentes épocas. Como no recorde anterior de mortos, também no governo Castro, na favela do Jacarezinho, em 2021, quando 28 pessoas foram assassinadas.
Os policiais mortos, diante da reação defensiva dos integrantes ou não do CV, tiveram seus nomes destacados pela imprensa e tiveram suas mortes lamentadas até mesmo em nota da bancada do PT na Câmara dos Deputados, na qual, depois das críticas eleitorais como a de que “a postura de Cláudio Castro é vergonhosa e eleitoreira. Ele admite publicamente usar operações como marketing político, enquanto sob seu comando o Rio é palco das maiores chacinas de sua história”; se afirma, descaradamente, “é revoltante que o governador comemore uma ação que custou a vida de quatro policiais no próprio dia em que se homenageia o servidor público”.
A vida da população pobre, trabalhadora e sofrida das comunidades, nem foi lembrada pelo maior partido do País, que leva “trabalhadores” em seu nome.
Fica claro que a imensa revolta desse povo “suspeito”, gente que constrói a riqueza do Rio de Janeiro e de todo o País, precisa de outros meios, de outras organizações da classe operária para defender seus interesses contra os genocidas, fascistas e “democratas” que oferecem cobertura para essa guerra contra o povo trabalhador.
A ação criminosa contra as comunidades, aumentou o caos e o sofrimento de milhões de cariocas e o medo diante do terror espalhado pela Polícia.
É preciso transformar a revolta e o sofrimento popular em uma grande mobilização pela punição dos responsáveis pela chacina, por Fora Castro, os comandos policiais e do judiciário cúmplices desta operação.



