O artigo Rechaçar a ameaça intervencionista de Trump! Pela defesa da soberania da Venezuela!, publicado no sítio Opinião Socialista, do PSTU, nesta terça-feira (21), é mais um exemplo de sua adesão vergonhosa à direita, ao imperialismo.
Esse partido, como era esperado, recorre à sua velha política golpista do ‘Fora Todos’. Em 2016 a utilizou contra Dilma Rousseff. Na ocasião, apenas Dilma saiu; Michel Temer e os outros ficaram, enquanto o PSTU abdicou de lutar contra o novo governo.
Nos parágrafos iniciais, o artigo trata do envio de forças militares para o Mar do Caribe, bem como do ataque a pequenas embarcações, que já deixou dezenas de mortos; também da autorização para ações letais da CIA em solo venezuelano.
No quarto parágrafo, o artigo diz que “os Estados Unidos têm um longo histórico de intervenções militares diretas e indiretas (apoiando e financiando golpes de Estado) na América Latina”. Mas os EUA também já patrocinaram golpes em outros continentes e países, como é o caso do Egito.
Naquele país, em 2013, o presidente eleito Mohamed Morsi foi deposto por um golpe militar liderado pelo general Abdel Fattah el-Sisi, que continua no poder. À época, o PSTU saudou o golpe dizendo que se tratava de uma revolução popular. Esse partido, que se reivindica trotskista, também apoiou o golpe na Ucrânia.
Contra “todos”
O disfarce principal do PSTU é se apresentar como ultra esquerdista. Se diz contra o imperialismo, mas ataca todos os países que este combate, como Cuba, Irã, China e Rússia. Não é por menos que o texto justifica sua posição direitista dizendo que na Venezuela os EUA estão em uma “competição com outras potências capitalistas, como a Rússia e, principalmente, a China”, para com isso “fortalecer seu domínio na região, retomando o caminho das ameaças militaristas”.
É completamente desleal a posição do PSTU em comparar esses países, pois a China e a Rússia não sancionam a Venezuela, fazem acordos comerciais. Os chineses, por exemplo, são sancionados pelo imperialismo, bem como os russos, que tiveram seus ativos sequestrados no exterior.
No artigo, o PSTU diz que repudia categoricamente à “ameaça intervencionista do imperialismo estadunidense contra a Venezuela, bem como contra qualquer outro país do continente e do mundo”. E, como é praxe, apela às “organizações e ativistas de esquerda, bem como aos ativistas operários, sindicais, de base e estudantis, para que se posicionem contra uma possível intervenção militar contra a Venezuela e rejeitem essas pretensões do imperialismo ianque”. Mas, logo em seguida, diz que “necessário defender a soberania do país contra o imperialismo e Maduro”. – grifos nossos.
Maduro está armando a população, dando treinamento. Que tipo de “ditador” faria isso? A posição do PSTU é insustentável. Derrubar Nicolás Maduro é política do imperialismo, assim como era a de 2016, contra Dilma Rousseff; bem como interessava a derrubada de Morsi no Egito em 2013.
O PSTU também segue a política do espantalho, atribuindo tudo ao presidente americano. Diz, por exemplo, que “Donald Trump, tem sido a principal força motriz por trás da imposição de sanções contra a Venezuela, buscando fortalecer seu domínio imperialista em nosso país”. No entanto, Joe Biden, o “democrata”, além de não revogar as medidas contra a Venezuela, em muitos casos as ampliou.
Acusações
Foi o PSTU que se rendeu ao imperialismo, mas acusam os outros. Diz rejeitar “qualquer agressão e interferência imperialista”, mas que isso não significa “apoio político, muito menos defesa, ao governo Maduro”. E mais, denunciam que “o governo Maduro tem sido um dos mais entreguistas da nossa soberania em favor dos interesses imperialistas norte-americanos, russos e chineses”. Se é assim, por qual motivo o querem tirar do poder?
Adiante, o PSTU diz que “Maduro vem entregando o Arco Mineiro do Orinoco a corporações transnacionais imperialistas, principalmente norte-americanas, uma área equivalente a 12% do território nacional, rica em reservas de ouro, diamantes e outros minerais como o coltan, utilizado na fabricação de baterias elétricas e essencial para as indústrias tecnológica e militar. Situação semelhante ocorre no Cinturão Petrolífero do Orinoco, onde a transnacional Chevron (cuja licença para operar na Venezuela foi recentemente renovada por Donald Trump) opera livremente, sem a obrigação de contribuir com dinheiro para o tesouro nacional por meio de impostos e royalties. Acordos semelhantes estão prestes a ser assinados com corporações transnacionais como a Shell e a British Petroleum”.
Não é verdade que o a Chevron opera livremente, ela destina parte de sua produção para a PDVSA. Ocorre que a proibição de pagamentos diretos vem da parte do governo americano. Em nenhum momento o PSTU critica as sanções contra a Venezuela e o quanto isso estrangula a economia do país.
Para se ter uma ideia do quanto esse partido utiliza fontes “confiáveis”, alega que “segundo o The New York Times, fontes próximas às negociações do governo venezuelano com Richard Grenell (comissário do governo dos EUA para a Venezuela) relatam que Maduro teria oferecido a Trump os recursos minerais e energéticos da Venezuela, rescindindo contratos de exploração com a Rússia e a China, assinando contratos com empresas americanas, garantindo o fornecimento seguro de petróleo e também cortando o fornecimento de petróleo bruto para países caribenhos, incluindo Cuba. Tudo isso em troca de sua permanência no poder”.
Qualquer um que seja de esquerda deveria desconfiar de um jornal que é porta-voz do imperialismo. Com isso, o PSTU acusa Maduro de estar se vendendo para o governo Trump, que não teria aceitado acordos. O que configura uma defesa de Trump, que supostamente não teria se curvado às ofertas.
Paradoxos
Em seu artigo golpista, o PSTU diz que “ser consistentemente anti-imperialista hoje significa rejeitar e confrontar as ameaças de agressão do imperialismo estadunidense, (…). Mas também devemos denunciar Maduro por vender os recursos minerais e energéticos do país”.
Cabe fazer a pergunta: se for retirado Maduro do poder, quem vai lutar contra o imperialismo? O que o PSTU quer, na verdade, é remover o verdadeiro obstáculo contra as agressões do governo americano, é disso que se trata.
O trabalhador não deve cair na retórica torta do PSTU, que finge ser o mais radical dos partidos, ser contra tudo, contra todos, quando, de fato, defende os interesses do imperialismo, o principal inimigo da classe trabalhadora.




